Normalmente os filhotes chegam na casa com um apetite aflorado. Num primeiro momento, isso até costuma assustar alguns tutores, que acabam oferecendo uma quantidade exagerada de ração. Acontece que esse apetite não necessariamente está relacionado com fome e o excesso de ração pode fazer com que o filhote comece a perder o interesse pelo alimento.
Além disso, os cães vão crescendo e tendo acesso a outros alimentos mais palatáveis. Petiscos, frutas, legumes e carnes despertam mais a atenção e o consumo frequente deles pode ir deixando o paladar mais seletivo. Outro coisa que contribui para a perda de interesse é a forma como a ração é oferecida. Pense comigo: na natureza, para ter acesso ao alimento, os cães passariam por diversos processos desafiadores. Precisaria identificar uma presa, conseguir caçar, matar, retirar as vísceras, se alimentar do que interessa e até roer um osso.
Nós, humanos, retiramos todo esse processo da rotina deles que, mesmo domesticados, precisam expressar os comportamentos naturais da espécie. Dessa forma, oferecer a ração dentro de um brinquedo, uma garrafa pet ou comedouro em forma de bola pode ser uma boa estratégia. Chamamos isso de enriquecimento ambiental.
Por último, preste atenção na forma como você armazena a ração. Quando os grãos entram em contato com o oxigênio, perdem a crocância e suculência. Fora que o processo de oxidação pode gerar resíduos prejudiciais aos pets. Uma ração mal fechada também atrai fungos e parasitas. A melhor forma de armazenar é manter dentro do próprio saco e remexer o mínimo possível os grãos na hora de retirar uma porção. Assim que retirar, tire todo o oxigênio do saco antes de fechar bem o pacote.
Agora, caso essa recusa tenha acontecido de uma hora para outra, é preciso ligar o alerta para alguma patologia. A falta de apetite espontânea é um dos primeiros sintomas quando algo não está bem com a saúde do animal. Se esse for o caso, procure imediatamente um veterinário.
*MARCELA BARBIERI BORO Zootecnista, médica veterinária e adestradora.