Por não ter a mesma linguagem corporal que os cães, não correr para lamber os donos assim que eles chegam em casa, nem abanar o rabo de felicidade, os gatos foram incompreendidos por muito tempo. Muitas pessoas ainda acreditam que eles são frios, sem sentimentos, egoístas e interesseiros. Mas, isso não é verdade. Os gatos podem até ser mais independentes, mas isso não significa que não amem seus tutores.
Segundo a veterinária Mabel Vaz, especialista em Medicina de Felinos, os gatos são muito afetuosos, assim como os cães, mas possuem formas diferentes de demonstrar isso. “São companheiros, em casa estão sempre ao lado de seus donos, se esfregam em mobílias e no proprietário pedindo carinho e deixando seu cheiro, gostam de interagir com brincadeiras e pedem atenção”, afirma.
Felinos têm conquistado os tutores
De acordo com a veterinária Ana Lúcia Meira, atualmente o cenário dos gatos está mudando e eles têm sido mais bem aceitos nos lares brasileiros. “Os gatos cada vez mais estão tomando conta dos lares brasileiros, especialmente nas grandes cidades, por ser um animal que demanda menos espaço e que dá menos trabalho que os cães, justamente por ser mais independente (mas não menos carinhoso!) que os cães. Além disso, são mais limpos e asseados e fazem menos barulho”, esclarece.
Por tudo isso, vemos o mercado pet para gatos crescendo muito, com novos produtos, brinquedos, caminhas, bebedouros, novas soluções, medicamentos, rações especiais, etc. “Há estudos de mercado que apontam para esta tendência de crescimento. O número de gatos tem crescido mais que o de cães”, afirma Ana Lúcia Meira.
Formas do gato demonstrar carinho
Para conseguir se comunicar com seu gato é preciso entender que ele não apresenta os mesmos sinais de afeto que os cães, mas não significa que não tenham afeto. Muito pelo contrário, eles são muito amorosos e existem muitos sinais que comprovam isso.
Cada animal demonstra carinho de uma forma: “Cães lambem, babam, pulam e abanam o rabo. Já os gatos, se esfregam em você, levantam o rabo, ronronam e se deitam de barriga para cima. O carinho do cão é óbvio, o do gato, dependendo do bichano, é necessário ter sensibilidade para compreendê-lo”, explica Ana Lúcia Meira.
Segundo a veterinária, quando o gato gosta de você, ele fica por perto, pode pular no seu colo, se esfrega, mia para chamar sua atenção, ronrona, pede para brincar. “Se ele não gostar de você, permanecerá longe e esquivo. Muitas vezes ele nem aparece. Ele também pode dar aquela rosnada típica dos felinos e mostrar as garras. Nesse caso, não o perturbe”, alerta.
Sinais de que ele gosta de você
- Eles se esfregam em seus donos para deixar seu cheiro e marcar território. Isso é um sinal de carinho, é como se ele dissesse “você é meu”;
- Gatos ronronam quando estão felizes. Trata-se de um som que emitem quando você o afaga. Isso é outro sinal de que ele nos dá quando quer mostrar carinho;
- Cauda reta para cima com a ponta dobrada também indica que está feliz;
- Ele pode miar para demonstrar carinho;
- Gatos também lambem ou mordiscam seus para demonstrar carinho;
- Podem se jogar no chão de barriga para cima, demonstrando afeto.
O gato demora mais para construir uma relação de confiança, mas quando ela é conquistada, pode ter certeza de que eles serão muito carinhosos e afetuosos. “Se você gosta dele, ele com certeza vai gostar de você. Gatos de vida livre são um pouco mais difíceis de estabelecer essa relação de confiança, mas se você está aberto a isto, eles logo vão demonstrar por olhares e expressões corporais”, afirma Mabel Vaz.
Obedecendo ao chamado
É comum ouvirmos dizer que os gatos nunca atendem quando os donos chamam, mas isso não é bem verdade. Eles podem obedecer, sim, e até reconhecem a voz dos donos, diferenciando das demais pessoas.
“Hoje, com a posse responsável, os gatos são cada vez mais criados dentro de casa, têm uma relação bem mais próxima dos donos e interagem muito. Essa impressão de que gato não dá bola para ninguém, vem de uma época em que eles eram criados soltos, passeando pelos telhados, cruzando sem controle, brigando etc.”, esclarece Ana Lúcia Meira.
De acordo com as veterinárias Mabel Vaz e Renata Biot, os gatos respondem ao chamado dos donos e, em alguns casos, até pelo nome. “A diferença é que em algumas situações eles não querem responder! Possuem personalidade forte e vontade própria, por isso não respondem em alguns casos, não são submissos como os cães”, afirmam.
Treine o seu gatinho
Ana Lúcia Meira explica que, às vezes, se você grita muito o nome do gatinho para dar broncas, ele associa com coisas negativas e pode não responder mais ao chamado. “Você pode treinar seu gatinho para reconhecer o nome dele, associando a um estímulo positivo, uma brincadeira, um carinho ou um petisco. Com o tempo, ele vai aprender a reconhecer que está sendo chamado”, aconselha.
Os gatinhos podem aprender truques e seguir ordens, mas eles só fazem as coisas quando têm vontade, por isso, precisam da motivação certa. É importante ressaltar: não espere de um gato o mesmo que você espera de um cachorro!
Rompendo preconceitos
O ser humano possui muitas dúvidas sobre o universo felino e muitas ideias errôneas, devido a crenças antigas e falta de convívio. “Os gatos sofrem violência até hoje, devido à ignorância e à falta de informações e convívio com os mesmos. Eles são amáveis, divertidos, companheiros e fiéis”, defende Mabel Vaz.