Gloria Pires aceitou participar de ‘O Rei do Gado’ (1996) na promessa de ter um papel de grande destaque. Entretando, sua personagem acabou não acontecendo e ela demonstrou sua insatisfação publicamente. A atriz viveu a misteriosa Rafaela/Marieta, que chega na fazenda de Geremias Berdinazzi (Raul Cortez), dizendo ser sua sobrinha. “Horrível”, declarou a artista aos depois em sua biografia, 40 Anos de Gloria, escrita por Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti.
Reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, ‘O Rei do Gado’ se transformou num dos grandes sucessos da história da teledramaturgia. O folhetim foi estrelado por Antônio Fagundes e Patricia Pillar, marcou a época, mas nem todos os atores ficaram satisfeitos. A personagem de Gloria Pires vai atrás de Geremias para dizer que é sua sobrinha, por ser filha de seu irmão Giácomo (Manoel Boucinhas), que morreu em um acidente de caminhão de boias-frias. A sobrinha de verdade é a personagem de Patricia Pillar.
Ela desperta o interesse dos empregados da fazenda, principalmente de Judite (Walderez de Barros), que trabalha há anos no local. Com o passar da trama, Rafaela envolve-se com Marcos (Fabio Assunção), filho de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes). Ela se infiltrou na fazenda por um plano de Fausto (Jairo Mattos), que quis pegar a herança da sobrinha desaparecida de Geremias.
Ao longo da narrativa, descobriu-se que a verdadeira Marieta era Luana (Patrícia Pillar), que perdeu a memória no acidente com o caminhão. Após Olegário (Rogério Márcico), administrador dos negócios de Berdinazzi, saber de tudo, Fausto dá fim à vida dele.
Contudo, Otávio (Guilherme Fontes), filho de Olegário, surge para concluir as investigações. Ele acaba se apaixonando pela farsante, que na verdade tem ligações com com Bruno (Marcello Antony), outro irmão de Geremias que morreu durante a 2ª Guerra Mundial. O enredo envolvendo Rafaela/Marieta perdeu a força com o desenrolar da novela.
Gloria Pires admitiu desconhecer as reais intenções da personagem em um primeiro momento. “Fui chamada para fazer a Luana, mas ela tinha um quê regional muito forte e meu último trabalho tinha sido na minissérie Memorial de Maria Moura (1994). Aí, surgiu a Marieta, que tem um lado bom e outro mal, como todo ser humano”, declarou em entrevista ao jornal O Globo na época.
“Eu aceitei confiando plenamente em Benedito, porque tínhamos trabalhado em Cabocla (1979). Houve algum problema, porque ele não desenvolveu a personagem como havia falado. É horrível quando você espera algo que não vem”, lamentou ela em sua biografia anos depois. “Arregacei as mangas e levei a missão até o fim, dignamente. Foi o que me restou fazer”, concluiu.
