Imagine que você está sozinha como passageira de um táxi e, para a sua surpresa, o motorista mudou a rota em direção a uma área mais vazia da cidade. O seu alerta de perigo já foi ligado, mas o que fazer em uma situação dessas? Essa história realmente aconteceu com uma mulher em Israel, que previu uma iminente agressão sexual e teve o sangue-frio de ficar calma. Tanto que, na hora em que o motorista tentou beijá-la, ela arrancou um pedaço da língua do tal homem fora. E, claro, conseguiu se safar dessa violência, um dos piores pesadelos de qualquer ser humano.
O que essa mulher sabia – mas grande parte de nós ainda não tem ideia – era o conhecimento de técnicas de defesa pessoal derivadas de habilidades de briga de rua, cujo criador – Imi Lichtenfeld – deu o nome de Krav-Maga. O intuito do método, segundo a Federação Sul Americana de Krav Maga, é trazer soluções para qualquer tipo de violência, seja armada ou desarmada, contra um ou vários agressores – e até mesmo para sair de ataques terroristas e situações com reféns. Isso em meados de 1940, quando foi criada em Israel.
Conheci algumas mulheres que praticam o Krav-Magá no último domingo (12) de manhã, quando a unidade da Federação Sul-Americana de Krav Maga da Chácara Santo Antônio, em São Paulo (SP), fez um treinamento aberto focado em nós, justamente para celebrar o último Dia Internacional das Mulheres. Animada, perguntei para várias delas se já haviam precisado usar o que aprenderam nas aulas de Krav-Maga para se defenderem na vida civil. A resposta geral foi negativa, mas todas elas disseram que passaram a andar mais atentas e prevendo situações de perigo.
SAIR EM PAZ
“Faço porque me dá muita segurança e me fez mais confiante e capaz, especialmente por ser uma mulher pequena”, me conta Talita Porto, uma jovem de 23 anos que, antes de começar a fazer as aulas de defesa pessoal, tinha medo até de levar o próprio cachorro para passear na rua.
“Ter esse conhecimento me dá muita mais segurança”, conta.
Paula Vita, uma outra aluna de 47 anos, conta que também não anda mais distraída pelas ruas desde que começou no Krav Maga, há cerca de quatro anos. “Estou sempre observando o comportamento de pessoas suspeitas. A partir do momento em que você começa a praticar, não tem a mesma percepção de antes. A pessoa não pega você distraída mais”, diz a autônoma.
Para outra estudante de Krav Maga, a analista comercial Bruna Cristina dos Santos, de 31 anos, a prática de autodefesa traz liberdade. “Você pode andar na rua na hora em que você quiser e do jeito que você quiser”, afirma ela.
“Quando ando na rua, por exemplo, tenho mania de encarar motoqueiro”, conta ela, dando uma risadinha marota, antes de completar: “Já fecho a cara pra não ser pega de surpresa.”
Durante a aula prática, o instrutor Felipe Garcia explica para as alunas que o intuito do Krav Magá é ser uma técnica simples, baseada nas reações que qualquer pessoa teria em uma situação de perigo. “De forma geral, queremos que a pessoa volte viva para casa. Para isso, é preciso trabalhar pontos sensíveis do agressor, como olhos, garganta, costelas e órgãos genitais”, ressalta.
COMEÇOU? TERMINE!
Hoje, 30% dos alunos da Federação Sul Americana de Krav Maga são mulheres, que se identificam com essa técnica por não ser um esporte e sim uma modalidade de defesa pessoal, sem campeonatos ou competições.
No seminário, além de conhecer sobre a filosofia do Krav Maga, as participantes vivenciaram situações como roubo de bolsa, puxão de cabelo, enforcamento, tentativa de estupro, entre outras situações, para testar as diversas possibilidades de defesa da técnica.
E se tem uma coisa que eu aprendi, como leiga, foi: ou você foge da situação de perigo – se for possível evitar – ou termina o que começou. Na prática, isso significa que, se você precisou se defender, faça até o agressor estar fora de combate.
“Não adianta dar um empurrão apenas, porque não machuca e ele volta para te atacar com tudo. Teve a reação? Precisa terminar para não ter a chance de uma segunda agressão, que será ainda pior, porque ele estará com raiva”, explica o instrutor.
Outra dica prática é usar uma caneta, a própria chave ou algum chaveiro especialmente pontudo caso esteja circulando em algum lugar mais problemático. Eles vão ajudar a deixar o seu soco mais potente, caso precise se defender.
Interessou? O site da Federação Sul Americana de Krav Maga disponibiliza uma busca neste link, para você encontrar a academia mais próxima.
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