Durante o confinamento do BBB 23, em conversa com Bruna Griphao, a participante Amanda Meirelles relatou que sofre de uma condição que leva a arrancar os pelos do corpo e os fios de cabelo em situações de estresse. Além dos cabelos, ela contou para a amiga que já chegou, até mesmo, a usar pinça para arrancar os pelos dos dois braços.
A dermatologista Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a tricotilomania é uma desordem comportamental ligada fortemente à ansiedade e a problemas emocionais.
Hábito de arrancar os fios
O ato de arrancar os fios pode, muitas vezes, envolver rituais. “Quando a pessoa seleciona um fio, ou um número determinado de fios, ou ainda um tipo específico de fio (grossos ou finos, mais claros ou escuros, mais ondulados ou mais lisos) para remover”, contextualiza a médica.
Segundo Cintia Guedes, também existem pessoas que arrancam os fios, podendo inclusive se valer de ferramentas. “Geralmente, são mulheres que chegam ao consultório do dermatologista se queixando de falhas no couro cabeludo. Algumas delas percebem os impulsos. Outras podem arrancar os fios de maneira automática, durante atividades rotineiras, como enquanto assistem à televisão. Dessa forma, as falhas aparecem sem que se perceba quando elas começaram”, argumenta.
Consequências da tricotilomania
Além do desconforto, a tricotilomania pode causar uma série de outros problemas, como falha capilar perceptível, vermelhidão e até infecções graves. “A condição também pode deixar cicatrizes, que podem exigir tratamentos profissionais“, afirma a médica. Arrancar os fios pode ocorrer a qualquer momento durante a infância, a adolescência ou, até mesmo, durante a idade adulta. Raramente é uma ocorrência isolada.
Emoções decorrentes desse problema
Em casos emocionais, o paciente está mais consciente de sua compulsão, ainda que não consiga resistir ao impulso de remover os fios, segundo a médica. Desse modo, podem surgir inúmeras emoções negativas, como a frustração (por não conseguir controlar os impulsos), a vergonha, o medo de ser descoberto, além da insatisfação com a aparência (acarretada pela falta de cabelos em determinadas áreas da cabeça), evidencia a médica.
Ademais, “pode ocorrer que pessoas que sofrem com a tricotilomania tenham também problemas com outros comportamentos repetitivos focados no corpo, como onicofagia (roer as unhas), dermatilomania (impulso de causar lesões na própria pele por razões não cosméticas) ou ainda transtornos como depressão”, argumenta a dermatologista.
Tratamento para tricotilomania
O tratamento deve ser feito não somente com dermatologista, profissional responsável por fazer o diagnóstico. Cintia enfatiza que o acolhimento do paciente com uma equipe multidisciplinar com um psicólogo, um psiquiatra e o próprio dermatologista é fundamental. “No caso de falhas capilares, o dermatologista pode indicar suplementos, medicamentos ou tratamentos como microagulhamento, lasers e infusão de substâncias para estimular o crescimento dos fios”, finaliza.
Por Maria Cláudia