Modelo, jornalista e ex-assistente de palco do extinto ‘Legendários’, Lygia Fazio morreu aos 40 anos, na noite de quarta-feira (31). Ela estava internada há três semanas devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O AVC, por sua vez, foi uma consequência dos problemas de saúde que acometeram Lygia por três anos, desde que ela se submeteu a aplicação tanto de silicone industrial quanto PMMA (polimetilmetacrilato), um material plástico, nos glúteos.
As substâncias se espalharam pelo corpo de Lygia, provocando uma sequência de infecções. Com isso, ela precisou passar por diversas cirurgias na tentativa de remover os 3kg de materiais e chegou a ficar 100 dias internada em 2022.
O QUE É SILICONE INDUSTRIAL?
O silicone industrial é um material líquido, comum em fábricas. Ele é utilizado para limpeza de peças de avião e de carros, vedação de vidros, lubrificação, impermeabilização de azulejos, entre outras funções, mas nunca deve ser utilizado no corpo humano.
Trata-se de uma substância líquida, de textura oleosa e não adequada para o organismo. Ao ser aplicada em uma determinada região, ela pode se espalhar para outras áreas do corpo, se misturando a tecidos e órgãos, o que dificulta sua remoção e causa risco de deformações, infecção generalizada e embolia pulmonar.
O QUE É PMMA?
Já o PMMA, ou polimetilmetacrilato, é uma substância plástica e não reabsorvível pelo organismo. Ela é geralmente utilizada como um preenchedor em forma de gel durante procedimentos para corrigir casos de lipodistrofia – uma perda de gordura facial que pode ocorrer em pessoas que vivem com HIV.
Não é indicado, porém, para o aumento de volume estético e grandes áreas do corpo, como os glúteos. De forma mais profunda na pele, ele pode desencadear complicações graves, como infecções, tromboses e embolia pulmonar. Além disso, o material se adere aos músculos e ossos, o que dificulta sua remoção.
Em entrevista à AnaMaria Digital, o cirurgião plástico Eduardo Teixeira, membro da Associação Brasileira de Implantes Líquidos, esclarece que o PMMA não é um produto proibido. “Ele inclusive é registrado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, ressalta.
Contudo, como é utilizado para corrigir pequenas deformidades no rosto, Eduardo recomenda que as pacientes se atentem. “O PMMA é um produto mais barato e a harmonização do glúteo é cara. Desconfie sempre de valores muito inferiores ao preço de mercado”, destaca.
Além disso, ele dá outra dica importante: “Procure profissionais qualificados para colocar um implante nos glúteos, como um médico cirurgião-plástico, dermatologista ou biomédico esteta e sempre vá acompanhada nestes procedimentos para garantir que o profissional não aplique uma substância diferente do combinado” .
ENTÃO, POR QUE LYGIA IMPLANTOU O MATERIAL EM SEU CORPO?
A jornalista Meiri Borges fez uma série de vídeos em suas redes sociais para falar sobre a morte da modelo. Segundo ela, a amiga procurou uma forma clandestina de colocar a substância no corpo com o intuito de aumentar o tamanho do bumbum.
“Ela queria a perfeição mesmo já sendo linda, belíssima, e aqui não cabe nenhum julgamento. Ela queria estar mais bonita, se sentir melhor, e buscou ajuda de pessoas que não eram profissionais, foi para os procedimentos clandestinos”, explicou Meire.
Em março do ano passado, em entrevista ao ‘Superpop’, apresentado por Luciana Gimenez, Lygia falou sobre a decisão de aplicar as substâncias no corpo, e que o primeiro procedimento aconteceu em 2013. Um namorado não ficou satisfeito com o resultado, porém, e pediu que ela fizesse outro.