Nando Reis falou abertamente sobre os vícios em álcool e cocaína em entrevista à revista Piauí, publicada nesta sexta-feira (28). Após enfrentar momentos difíceis, ele afirmou que está sóbio há quase sete anos – no entanto, ainda sente os efeitos da dependência em seu corpo.
“Sou alcoólatra, mas recuperei minha sobriedade. Minha jornada com o álcool começou na adolescência e, gradativamente, foi se tornando um uso abusivo e uma dependência. Comecei a beber aos 13 anos e só parei aos 53”, começou relembrando.
Em seguida, o cantor completou: “Foram décadas de consumo pesado e, com o passar do tempo, associado à cocaína. Estou há quase sete anos sóbrio, mas não deixei de ser alcoólatra: consigo sentir a compulsão dentro de mim”.
Ele afirmou que um de seus maiores erros foi associar seu processo criativo à bebida. Assim, começou a beber diariamente para que pudesse compor músicas e se apresentar em shows. “Gostava de ficar bêbado, a embriaguez era um estado que me agradava”, disse.
Aos 27 anos, Nando começou a associar o álcool ao uso de cocaína – especialmente devido à facilidade de encontrar a droga nos ambientes que frequentava. “Eu não me importava de ficar bêbado e cheirado, ao contrário: achava graça nisso”.
E descreveu: “Me divertia sendo o mais doido, o que cheirava a maior carreira, o que bebia todas. Me tornei a figura folclórica, o cara que virava cinco noites sem dormir e fazia shows nesse estado. Fiz dezenas de apresentações completamente embriagado”.
Entre os motivos que contribuíram para o vício, Nando Reis destacou o fim do primeiro casamento com Vânia e a morte dos amigos Cássia Eller (1962 – 2001) e Marcelo Fromer (1961 – 2001).
FUNDO DO POÇO
O autor de ‘All Star Azul’ descreveu que chegou ao fundo do poço em 2016 – quando tentou suicídio durante uma viagem aos Estados Unidos. Foi então que o cantor passou a frequentar sessões do AA (Alcoólicos Anônimos) e ficou internado em um SPA.
“Liguei para o meu psiquiatra e falei: ‘Pelo amor de Deus, me interna, preciso parar de beber’ (…) Desde então, fiquei cinco meses sóbrio, tive uma recaída de três semanas e estou sóbrio há quase sete anos”, contou.
Ele concluiu: “Gosto de beber. Se eu pudesse, eu bebia. Acontece que eu não posso porque sou alcoólatra. Não pretendo recair porque conheço as consequências do primeiro gole. Se eu tomar uma dose de vodca, vou precisar de outra e de mais outra e de mais outra, num desejo sem fim. É algo desesperador porque não há nada que o sacie. Não vou voltar a beber porque sei que o álcool só traz dor para mim e para os que estão ao meu redor”.