Olá! Com tanta variação de temperatura nos últimos dias, algo não tão frequente, escolhi falar sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde respiratória. Passamos pelo inverno mais quente registrado em um mês de setembro e, agora, temos um início de primavera com calor, frio, chuva e seca mais acentuadas em partes do nosso país.
Tudo decorrente do aquecimento global. Mas afinal, isso tem impacto na saúde? Tem! E muito! Especialmente na saúde respiratória. Vou separar por doenças para ficar mais fácil o entendimento.
1.RINITE ALÉRGICA
As alergias vêm aumentando de maneira exponencial no último século. Elas são geradas por fatores de predisposição genética hereditária e agravadas por fatores ambientais. Além das causas ligadas a higiene ambiental (como poeira domiciliar, ácaros e fungos), temos que considerar também as mudanças climáticas. O clima mais quente favorece a presença de polens, bolores e fungos. E estes são gatilhos para as crises de rinite!
2. RINITE NÃO ALÉRGICA
São um grupo de inflamações nasais de causa diferente de infecções e alergias, que acomete cerca de 3% de da população mundial. Os gatilhos ambientais das rinites não alérgicas são exposição ao ar frio, fumaça e poluição ambiental, além de tabagismo e produtos químicos. Causam obstrução nasal, coriza e vários tipos de dor de cabeça e dores faciais atípicas.
Estudos recentes mostram um aumento da prevalência de dor de cabeça em condições de menor pressão atmosférica, alta umidade do ar, alta taxa pluviométrica e ventos fortes. Ou seja: condições climáticas impactam diretamente a condição respiratória e a saúde destas pessoas. E quanto maior estas variações maiores os sintomas respiratórios.
3. SINUSITES
As sinusites, especialmente as crônicas (nas quais há presença de sintomas por mais de 3 meses consecutivos) tem relação com exposição à poluição ambiental. Entre os poluentes principais temos materiais particulados, dióxido de nitrogênio e ozônio com ação comprovada na causa ou piora de quadros de sinusite e de rinite.
As mudanças climáticas têm ação direta e indireta na quantidade destes poluentes. Por exemplo: a quantidade de matérias particulados no ar depende da temperatura e da umidade. Os níveis de ozônio também variam com a temperatura, especialmente ondas de calor. Além disso, variações no clima mudam a dispersão de poluentes.
Um exemplo prático são a combinação de ondas de calor, queimadas e fumaça que resultam em altos níveis de poluição em grandes áreas. Assim, condições climáticas estão diretamente relacionadas as causas de sinusites.
4. GRIPES E RESFRIADOS
Nestes casos podemos afirmar que os vírus tem sua prevalência aumentada quando está frio. Além disso, o sistema respiratório fica mais vulnerável. O ar frio resseca as vias respiratórias, especialmente o nariz. A mucosa nasal mais ressecada e, ao inalar o ar frio, tem reduzida sua capacidade defensiva (reduz batimento ciliar e produção de muco).
Se somarmos o ar frio com as mudanças na nossa defesa, em um ambiente com mais vírus e uma tendência humana a ambientes fechados, temos condições favoráveis a estas infeções. Nas mudanças bruscas de temperatura todas essas doenças podem ocorrer, pois muitos dos fatores causais de sobrepõe.
Assim, a dica para a prevenção é:
- Lavagem nasal com solução salina ao menos duas vezes ao dia;
- Usar medicações prescritas pelo médico para tratamento de rinites;
- Manter boa alimentação e hidratação;
- Manter o ambiente domiciliar o mais limpo possível.
Na dúvida, procure seu médico!
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves.
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