Olá para todos! Esta semana falo sobre motivos para levar as crianças a uma consulta com o otorrinopediatra. Esta é uma especialidade dentro da otorrinolaringologia que atende especificamente bebês, crianças e adolescentes e, portanto, pode atender melhor às necessidades destes pacientes.
Mas quando devemos levar as crianças a este médico especialista? Ouvido, nariz ou garganta são áreas muito sensíveis ao desenvolvimento das crianças. Assim, em caso de qualquer alteração, um otorrinpediatra deve ser consultado.
OTITES DE REPETIÇÃO
As crianças têm maior probabilidade em terem otites, por conta de conformações anatômicas da face. Nelas, a tuba auditiva (que comunica o ouvido com o nariz) é mais curta e horizontalizada, o que favorece as infecções de ouvido. Quando as otites se repetem em intervalos curtos, podem apresentar risco de complicações mais graves e complexas, além de prejudicar a audição e o desenvolvimento da fala. Neste caso, uma avaliação especializada é necessária.
DISTÚRBIOS DE AUDIÇÃO
A audição é um sentido muito importante para desenvolvimento da comunicação. Tão importante que o primeiro teste auditivo é realizado na maternidade: o teste da orelhinha. Caso haja qualquer alteração neste teste, uma avaliação e acompanhamento deverão ser realizados com o otorrinopediatra, visando o início dos protocolos de diagnóstico e tratamento precoces para minimizar os efeitos negativos no desenvolvimento do bebê.
SINUSITES DE REPETIÇÃO
Infecções respiratórias são muito frequentes nas crianças. Entre 2 e 4 anos, estimamos uma média de 8 a 11 episódios ao ano de infecções virais. Assim, sinusites nas crianças são possíveis e podem ser frequentes.
RINITE
A rinite pode ser alérgica ou não alérgica e iniciar seus sintomas nas fases iniciais da vida. Obstrução nasal, coriza, espirros e coceira são os mais frequentes e podem causar alterações de sono e aprendizado, além de predispor infecções e impactar a qualidade de vida. As rinites devem ser tratadas sempre que os sintomas aparecerem.
AMIGDALITES RECORRENTES
Como falei acima, as crianças apresentam quadros infecciosos de repetição durante a infância – e as dores de garganta estão entre as possibilidades. Normalmente os vírus são os principais agentes causadores antes dos 6 anos e, após esta idade, as bactérias ganham em frequência. Quando os episódios são repetitivos, e em intervalos curtos, uma avaliação especializada deve ser feita.
RONCO E APNEIA NOTURNA
Como já mencionei em outros post, criança não deve roncar. O ronco sugere a presença de obstrução a passagem do ar durante a respiração. A redução da passagem do ar e dificuldade respiratória durante o sono das crianças é muito prejudicial para todo o desenvolvimento das crianças e deve ser avaliado sempre.
DISTÚRBIOS DE FALA E LINGUAGEM
Além do impacto da audição no desenvolvimento da fala, podem ocorrer outras alterações na fala, linguagem e escrita nas crianças. Trocas silábicas, na fala ou escrita, gagueira, dificuldades de aprendizado escolar, entre outras, podem ocorrer e devem ser avaliadas e tratadas adequadamente.
RESPIRAÇÃO ORAL
Uma condição muito frequente nas crianças é a respiração bucal. Ocorre por aumento de estruturas como amígdalas e adenoides, especialmente entre os 3 a 5 anos (em média). A respiração bucal causa alterações na mordida, dentarias, na mastigação e fala, além de roncos noturnos e todas as consequências citadas acima. Assim, respirar pela boca e roncar não é normal e deve ser avaliado. Como sempre, fiquem atentos e, na dúvida, procurem seu médico!
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves