Se você tem visitado o mercado nos últimos meses certamente reparou no aumento do preço do azeite. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o valor do azeite de oliva subiu em média 20% nos últimos 12 meses até setembro de 2023. Mas, afinal, se o Brasil é o segundo maior consumidor do produto no mundo, por que o preço aumentou tanto?
Por ser completamente natural, a produção do azeite de oliva tem sido afetada pelas mudanças climáticas. As altas temperaturas e a falta de chuva resultaram numa seca muito rigorosa, impactando o desenvolvimento das azeitonas na região do mediterrâneo, que reúne cerca de 90% da produção mundial.
NO BOLSO DOS CONSUMIDORES
Para os consumidores assíduos de azeite, a notícia não é das melhores: os preço não tendem a melhorar. A Comissão Europeia já estimou que haverá baixas na safra de 2023/2024 justamente por causa dos “eventos climáticos negativos”. Portanto, é bem possível que os preços no mercado também sejam afetados ao longo do próximo ano.
De acordo com Olivardo Saqui, chef e proprietário do restaurante português Quinta do Olivardo, os preços acabaram impactando os custos operacionais em mais de 20%. Isso porque ele costuma a usar 500 litros de azeite por mês em seus pratos. “O azeite é um ingrediente fundamental na culinária portuguesa e desempenha um papel vital nas nossas receitas”, diz.
Além disso, ele tem encarado desafios no abastecimento do óleo em seu restaurante. “Nossos fornecedores estão limitando as quantidades disponíveis, o que está afetando diretamente nosso estoque. Essa restrição na oferta tornou-se um problema adicional, dificultando o acesso ao produto”, afirma. Apesar das dificuldades, Olivardo garante que tem tentado minimizar os efeitos desse aumento no bolso dos clientes.
“Optamos por não repassar nem 5% do valor, fazendo com que nossos clientes não sintam um impacto desproporcional no orçamento. Internamente, estamos adotando medidas para administrar eficientemente a questão, mantendo a integridade dos nossos padrões de qualidade”, diz.
No varejo, os preços também não são bons. Segundo um levantamento da empresa de inteligência de mercado Horus, até julho 2021, o preço médio do azeite virgem estava em R$ 20. Em 2023, o valor está em R$ 30.
“Ao longo deste ano, a produção do azeite de oliva caiu vertiginosamente, uma realidade que impacta diretamente no preço do produto”, explica Pedro Gonçalves, diretor de marketing Gallo Brasil. Ele garante que os principais produtores, localizados na Espanha, Itália, Grécia, Tunísia/Turquia e Portugal, tem adotado algumas medidas para encarar a crise causada pelas mudanças climáticas.
“Além de adequar os preços dos azeites e suportar a escassez de produção, eles têm feito diversos investimentos ao longo de toda a cadeia produtiva, visando uma melhor adequação ou redução do impacto com as mudanças climáticas. Os principais esforços estão em sistemas de irrigação mais eficientes, em sistemas de detecção de umidade no solo, em pesticidas cada vez mais “biológicos”, em medidas para assegurar a biodiversidade da região, em equipamentos de extração que gastam menos água”, diz.
CUIDADO COM AS CILADAS
Diante dos preços mais altos, é natural que o consumidor se sinta atraído pelos valores mais baixos no mercado. Por isso, é fundamental ter cuidado com azeites de oliva falsificados.
“O ideal é ter cuidado com a marca que o consumidor adquire e evitar aquelas que são largamente desconhecidas no setor. É importante ficar atento ao preço, pois, com o aumento registrado nos últimos meses, não há marcas confiáveis no setor que possam ter preços tão baixos. Na hora de buscar promoções no varejo, busque priorizar as marcas que você já conhece e confia”, orienta Pedro.