Após o sucesso como o mocinho Rafael em ‘Todas as Flores’, Humberto Carrão está prestes a estrear um papel que tem tudo para marcar sua carreira. Ele será o protagonista José Inocêncio na primeira fase do remake de ‘Renascer’. O ator, no entanto, não carregará o personagem sozinho, afinal, irá dividi-lo com Marcos Palmeiras, que viverá o fazendeiro na segunda parte da trama.
Durante a coletiva de imprensa da novela, na última terça-feira (12), Humberto afirmou que não tem combinado muito com Marcos Palmeira sobre trejeitos, prosódia ou tiques do protagonista. “Conversei com ele essa semana sobre isso. Adoro o Marquinhos, temos uma relação antiga e entendemos algumas coisas que a gente vai levar para o personagem, mas sem que isso fosse uma obrigação ou uma responsabilidade”, afirmou.
Para ele, não é um problema que o público veja uma certa diferença entre o José Inocêncio da primeira e o da segunda fase do remake. “Acho que tudo bem que exista uma certa estranheza, tudo certo que tenha suas diferenças, até porque muitos anos se passaram, muitas perdas aconteceram. A luminosidade e o brilho que o José Inocêncio tinha no início, ele vai deixar de lado”, explicou.
Ainda assim, os atores fizeram algumas combinações para o personagem. “Eu e Marquinhos combinamos algumas coisas poucas na fala, no jeito. Mas tem muito de energia, da perda, da dor. A gente se encontra muito na fala. O pouco que trabalhamos juntos, que combinamos, tem a ver com o peso da fala”, disse.
RESPEITO AO LEGADO
Ao contrário do senso comum, Humberto Carrão afirmou que assistiu apenas à primeira fase da versão original de ‘Renascer’ e não sentiu a pressão da comparação com Leonardo Vieira, que fez José Inocêncio em 1993.
“A importância de ter visto foi de ter me deixado louco para fazer, foi de um estímulo. Eu realmente acho essa primeira fase, tanto assistindo quanto atuando, uma das coisas mais bonitas que eu já vi. Esse texto é muito poderoso. É uma novela que tem rito, festa, macumba, tem respeito pela religião afro-brasileira e é esbarrada no mito. É um personagem que tem pacto com deus, cramulhão e com um jequitibá. Isso é assustador de poderoso”, disse.
Desta forma, ele prometeu honrar o legado deixado pelos veteranos que estiveram na novela há 30 anos. “Minha relação com a primeira versão é a de respeito. Sou um ator muito apaixonado pela história dos nossos atores mais velhos, tenho uma relação de amor, interesse e estudo ao que veio antes e admiro todos aqueles ali. É nesse sentido que eles me estimulam a continuar e fazer diferente. Não vejo como um peso, um fardo ou algo que tenha que chegar perto.”
CENA EMBLEMÁTICA
Nos últimos dias, a TV Globo divulgou a imagem de uma das cenas mais emblemáticas de ‘Renascer’, em que o José Inocêncio de Humberto Carrão faz um pacto com o diabo aos pés de um jequitibá-rei. “Enquanto o meu facão estiver encravado aos seus pés, nem eu nem você haveremos de morrer… Nem de morte matada… Nem de morte morrida!”, diz o protagonista na sequência.
O ator revelou que não estava dando tanta importância à cena até ficar diante da árvore milenar. “É uma loucura fazer um juramento, um pacto com uma árvore. Mas aí quando você chega e vê que é uma árvore de mil anos, vai entendendo. Eu me surpreendi porque o Gustavo Fernandez [o diretor] é um assombro e a forma como fomos entendendo essa cena foi muito bonita. O que me surpreendeu foi a emoção da coisa, todos ficamos muito emocionados com o pacto com uma árvore, ainda mais nesse Brasil. Foi muito bonito, tô doido para ver”, disse.
Humberto destacou ainda ser um “privilégio” poder filmar uma das sequências mais emblemáticas da televisão brasileira. “Acho que é uma das cenas mais importantes para a teledramaturgia, é uma das mais bonitas e icônicas. É uma beleza, um privilégio poder fazer, uma sorte.”