Os ‘Atletas da Voz’ são profissionais que usam a voz como ferramenta de trabalho. Assim como Beatriz, participante do grupo ‘Pipoca’ do ‘Big Brother Brasil 24’, que antes de entrar no reality era locutora do comércio popular, outros profissionais também sofrem com alterações vocais devido ao abuso da voz. São eles os professores, palestrantes, atendentes de telemarketing, feirantes e vendedores ambulantes.
AnaMaria Digital conversou com a fonoaudióloga Juliana Romano, especialista em voz, sobre os riscos do abuso vocal e quais medidas podem mitigar o quadro de perda de voz ou rouquidão. “Os motivos podem ser diversos, como a pessoa entrar em um quadro inflamatório, como laringite, gripe e resfriado ou por abuso vocal.”
Sobre o quadro de Beatriz, a especialista destaca que avaliar uma voz demanda tempo e muitas etapas. “Entre as etapas, existe uma que chamamos de análise perceptivo – auditiva, em que observamos algumas características específicas da voz, como a rugosidade e tensão, que são aspectos da voz da Beatriz que chamam um pouco mais a atenção”, explica.
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A rouquidão pode ser de ordem comportamental ou orgânica, ou seja, desenvolvida por fatores que não estão ligadas ao mau uso da voz, como fatores genéticos ou hormonais, por exemplo.
QUAIS OS RISCOS DO ABUSO VOCAL?
Além da sister, outros profissionais são profundamente afetados pela disfonia causada pelo abuso vocal, cujo quadro pode ser agravado pela ausência de cuidados adequados. É comum que as pessoas apenas busquem acompanhamento quando deixam de trabalhar porque já perderam a voz, caso comum entre professores, devido à alta demanda de trabalho e impossibilidade de se ausentar das salas de aula.
As situações de abuso vocal pontuais ou isolados também podem desencadear problemas a longo prazo. “O abuso que acontece pontualmente pode deixar a prega vocal mais inchada, devido à força e volume, e levar a um quadro mais grave”, explica Juliana.
Se as bebidas alcoólicas estiverem presentes nessas situações, o problema pode ser intensificado. Isso porque o álcool resseca a mucosa da região, deixa a musculatura da laringe mais relaxada e faz com que as pregas vocais não vibrem da maneira correta, podendo levar a um quadro de disfonia.
COMO MINIMIZAR OS RISCOS?
A hidratação sistêmica, ingerindo pequenos goles de água ao longo de todo o dia, e a hidratação local, realizada através da nebulização feita com soro fisiológico, são primordiais para quem usa a voz como ferramenta de trabalho.
“Uma opção, para pessoas que não tem acesso ao nebulizador, é umedecer uma gaze com água, posicionar sobre os lábios entreabertos e fazer um movimento de sucção. Quando as gotículas são aspiradas, elas hidratam as pregas vocais”.
Além disso, a profissional destaca que manter o sono em dia é fundamental. “Pelo menos oito horas de sono, que ajudam a recuperar uma voz que ficou cansada durante o dia”.
QUANDO PROCURAR AJUDA?
Quem usa a voz como ferramenta de trabalho deve buscar o acompanhamento profissional individualizado. Além do atendimento em clínicas particulares, o serviço de fonoaudiologia é oferecido por algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS), porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Em caso de alterações na voz, o paciente deve procurar atendimento hospitalar. O otorrinolaringologista, profissional da área médica capacitado para diagnosticar lesões, fará uma avaliação conjunta com o fonoaudiólogo.
Juliana alerta que se a rouquidão persistir por um prazo maior do que 15 dias, a recomendação é procurar atendimento hospitalar com certa urgência, pois o quadro pode ser ainda mais sério.
Na sequência, confira os principais MITOS e VERDADES sobre a voz!
Aquecer a voz ajuda?
Verdade: “Com certeza ajuda. O aquecimento prepara toda a musculatura para começar a trabalhar”. No entanto, conforme lembra Juliana, os exercícios de aquecimento são individualizados, e o ideal é que a pessoa busque atendimento especializado para uma avaliação adequada e melhor orientação.
Maçã, própolis ou mel melhoram a voz?
Mito: Juliana esclarece que comer maçã, tomar própolis ou mel não faz sentido quando o objetivo é ‘limpar as pregas vocais’ ou cuidar da voz. “Isso porque nada do que a gente come passa pelas pregas vocais. Tudo que engolimos passa pela via do esôfago, e as pregas vocais ficam na via respiratória”.
Líquidos quentes ou frios podem prejudicar a voz?
Depende: No caso de ingerir líquidos quentes ou frios, faz sentido no que diz respeito à musculatura de laringe. Ingerir líquidos gelados pode não ser uma boa ideia, porque a baixa temperatura enrijece a musculatura.
Já os líquidos quentes relaxam a região. Existem técnicas terapêuticas, chamadas termoterapias, que usam esse recurso como tratamento na fonoaudiologia. Contudo, a especialista alerta que compressas quentes ou frias não devem ser feitas antes do uso intenso da voz.