A Arquidiocese de São Paulo informou que arquivou a investigação sobre Júlio Lancellotti. As denúncias se baseiam em um vídeo de conteúdo sexual, enviado pelo presidente da Câmara Municipal, o vereador Milton Leite (União Brasil). O material, sem autenticidade comprovada, retrata um homem se masturbando. O órgão manteve a decisão tomada em 2020, quando o mesmo vídeo foi analisado. Na época, não foram encontrados indícios de crime.
A liderança da Igreja Católica afirmou, em nota enviada a imprensa nesta terça-feira (23), não ter convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia. Ainda segundo a Arquidiocese, a decisão foi informada ao Vaticano.
“Distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade, a Cúria Metropolitana de São Paulo permanece atenta a ulteriores elementos de verdade sobre os fatos denunciados”, diz o comunicado.
Além disso, o religioso é alvo de acusações de outro vereador do União Brasil, Rubinho Nunes, autor do requerimento que pretende investigar as ONGs que atuam no centro de São Paulo. A liderança Católica também se pronunciou sobre o pedido de CPI.
“Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua. Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral? Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o Vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo “para o Povo da Rua” e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade. Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade.”, diz a nota oficial.
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QUEM É JÚLIO LANCELLOTTI?
Paulistano nascido no bairro do Brás, em São Paulo, Júlio Renato Lancellotti é também responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, da Mooca. Em 1986, começou o trabalho pastoral com populações em situação de rua, menores infratores e crianças portadoras do vírus HIV.
Aos 75 anos, o Padre, que também é pedagogo, é a principal voz contra a aporofobia, que se caracteriza como o medo, rejeição, hostilidade e aversão às pessoas pobres e à pobreza. O religioso também denuncia a ‘arquitetura hostil’ ou ‘arquitetura higienista’ da metrópole, que utiliza elementos para restringir e dificultar o acesso e a presença de pessoas, especialmente aquelas em situação de rua em espaços públicos.