O rei Charles III foi diagnosticado com câncer, conforme anunciado pelo Palácio de Buckingham na última segunda-feira (5). A residência real não detalhou qual o tipo do tumor. O monarca britânico, no entanto, não será submetido à quimioterapia e será tratado com métodos alternativos.
Pelo menos é o que afirma o comentarista político Tom Bower, especialista em realeza. Em entrevista ao GB News, o escritor afirmou que o filho da rainha Elizabeth II não acredita no tratamento convencional. Por isso, deve recorrer à medicina alternativa, com ervas medicinais e até “poções”.
A escolha do rei Charles, porém, não é indicada pelos médicos. Em entrevista à AnaMaria Digital, o oncologista Dácio Quadros, do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), alertou sobre os riscos de trocar a quimioterapia por métodos não indicados.
Não há qualquer comprovação que nos motive a substituir uma terapia convencional por outra alternativa”, reforça o especialista.
RISCOS
Cirurgia, quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea são métodos comprovadamente seguros e benéficos no tratamento contra o tumor. Em alguns casos, é necessário combinar mais de uma das modalidades citadas para buscar a cura do câncer.
Por isso, não há necessidade de se submeter a tratamento não indicados. Quadros lista alguns dos riscos de abrir mão de tratamentos comprovados pela ciência:
- Mais sintomas;
- Progressão ainda mais rápida da doença;
- Mais sofrimento ao paciente.
MAS HÁ BENEFÍCIOS?
Poções, chás ou plantas não trazem nenhum benefício na luta contra o câncer. Entretanto, alguns tratamentos complementares podem ser úteis – desde que, como o nome indica, sejam aliados ao tratamento convencional.
Como exemplo, o oncologista cita a acupuntura, massagem e aromaterapia. Os métodos citados podem auxiliar no controle do estresse, ansiedade e outros sintomas originados pela questão emocional do paciente.
Ainda assim, Dácio reforça: “Não há qualquer benefício em substituir um tratamento com melhor eficácia comprovada pela ciência por outro alternativo, que não tenha sido submetido a avaliações rigorosas de eficácia, dose, potenciais efeitos colaterais, que tragam segurança para o paciente.
DESCONFIANÇA DE PACIENTES
A quimioterapia e a radioterapia existem há décadas. No entanto, parte da população – assim como o rei Charles, desconfia do método mais utilizado no tratamento contra o câncer. Afinal, o que leva algumas pessoas a essa constatação? Segundo o médico, o senso comum sobre a doença.
O especialista acredita que, por se tratar de uma doença potencialmente grave que leva à morte em muitas ocasiões, ainda há pessoas que acreditam que todo câncer vai levar ao fim da vida independente do que se faça. Mas a análise está equivocada.
“Isso não é verdade, pois temos muitos tipos de câncer, a análise de cada caso é bastante personalizada e com muitos detalhes, e inúmeras vezes conseguimos curar a doença ou retardar em muito sua progressão com os vários tratamentos que temos a disposição nos dias atuais”, garante Dácio.
Um ente querido diagnosticado com câncer não planeja seguir o tratamento. Como convencê-lo?
A grande questão em casos do tipo é: como convencer um amigo ou familiar, diagnosticado da doença, a seguir com a quimioterapia? O oncologista explica! Ele defende que é fundamental explicar para o paciente todas as opções de tratamento e possíveis efeitos colaterais.
A indicação de quimioterapia vem nos seguintes contextos:
- Reduzir um tumor e posteriormente submete-lo a cirurgia;
- Após uma cirurgia para prevenir a recidiva da doença;
- Paliativo – para retardar a progressão da doença, e reduzir os sintomas causados por ela.
Com o avanço da medicina, os efeitos colaterais causados pela quimioterapio são reduzidos. Ao mesmo tempo, um paciente com câncer que não faz o tratamento mais adequado, pode sofrer mais pelos sintomas causados pela doença”.
“Portanto, é sempre importante discutir as opções de tratamento, participar das escolhas, expressar os medos e angústias, para que, junto da equipe assistente, as melhores decisões sejam tomadas, os valores do paciente respeitados, e ao mesmo tempo uma estratégia terapêutica adequada seja traçada para que o paciente sofra menos e tenha maior eficácia em seu planejamento”, finaliza.