Com a chegada das férias, muitas famílias começam a organizar as malas — e junto com elas surge um dilema que vai além da logística: levar o pet ou deixá-lo em casa? A dúvida costuma vir acompanhada de culpa, preocupação e até um aperto no peito. No entanto, segundo a ciência, esses sentimentos não são exagero. Eles fazem parte da ansiedade de separação em pets, um fenômeno real, estudado e cada vez mais reconhecido.
No quarto episódio do podcast Mais que um Pet, a psicoterapeuta e pesquisadora Renata Roma explica por que essa decisão precisa considerar o vínculo emocional entre pets e tutores, respeitando a sensibilidade emocional de cada animal.
Ansiedade de separação em pets é real e comprovada pela ciência
A ideia de que o sofrimento na separação é “drama” já não se sustenta. Segundo Renata Roma, pesquisas mostram que a ansiedade de separação em pets afeta tanto os animais quanto seus cuidadores. “A ciência tem mostrado, de forma muito consistente, que essa ansiedade aparece nos dois lados da relação”, afirma.
Um levantamento publicado em 2025 pela DVM 360 revela que 61% dos tutores apontam a ansiedade de separação em pets como a principal preocupação comportamental, superando agressividade e desobediência. Além disso, 72% relatam preocupação com o estresse emocional dos animais quando precisam se ausentar.
Ou seja, não se trata apenas de percepção subjetiva, mas de um fenômeno mensurável, que impacta diretamente o bem-estar emocional dos animais.
Vínculo emocional entre pets e tutores influencia o comportamento
Estudos observacionais recentes reforçam como o vínculo emocional entre pets e tutores molda as reações dos animais. Pesquisas realizadas em 2025 documentaram comportamentos claros de ansiedade em cães, como vocalização excessiva, destruição de objetos, medo intenso e eliminação inadequada durante períodos de separação.
Um desses estudos analisou cães que vivem com estudantes de medicina veterinária e identificou índices expressivos desses comportamentos quando os tutores se ausentavam. Segundo Renata, isso valida o que muitos já sentem na prática. “Aquele aperto no peito ao sair de casa não é irracional. Ele nasce da relação humano-animal”, explica.
Reconhecer esse laço afetivo é, portanto, o primeiro passo para decisões mais conscientes.

Viajar com pet nas férias pode reduzir a ansiedade — mas nem sempre
Nos últimos anos, a busca por experiências pet-friendly cresceu de forma acelerada. Relatórios de tendências de 2025 indicam que mais de 45% das famílias que optam por viajar com pet nas férias percebem redução da ansiedade, principalmente porque mantêm a rotina afetiva.
Plataformas como o Booking.com mostram que destinos pet-friendly crescem mais rápido do que opções tradicionais. Entre os benefícios relatados estão a continuidade do vínculo, menos preocupação com a separação e maior interação social.
Segundo Renata, esses dados dialogam diretamente com a ciência do bem-estar emocional dos animais. Ainda assim, ela faz um alerta importante: “Nem todo pet se beneficia da viagem”.
Bem-estar emocional dos animais precisa vir antes da decisão
Apesar dos benefícios, viajar com pet nas férias também pode representar desafios. Transportes longos, mudanças bruscas de ambiente e estímulos intensos podem aumentar o sofrimento emocional, especialmente em animais mais sensíveis ou já predispostos à ansiedade.
Nesses casos, permanecer em casa, com cuidadores confiáveis e rotina estruturada, pode ser a melhor escolha para a saúde emocional dos pets. Segundo Renata, o ambiente familiar muitas vezes oferece mais segurança do que uma viagem cheia de novidades.
Por isso, avaliar o perfil do animal ao longo do ano é fundamental antes de tomar qualquer decisão.
Decisão de viajar com pet não tem resposta única
Uma revisão sistemática publicada em 2025 mostra que tutores com vínculos mais intensos vivenciam tanto efeitos positivos quanto desafios emocionais durante a separação. Para Renata, isso deixa claro que não existe fórmula universal quando o assunto é decidir levar ou não o pet na viagem.
“Alguns animais prosperam com novas experiências. Outros se sentem sobrecarregados”, afirma. Assim, estratégias baseadas em evidências fazem toda a diferença: adaptação gradual às ausências, enriquecimento ambiental, observação cuidadosa do comportamento e planejamento de cuidadores de confiança.
Essas práticas tornam a separação mais previsível e reduzem o estresse emocional.
Ansiedade de separação em pets também reflete a ansiedade do tutor
Outro ponto essencial destacado por Renata é a influência emocional do tutor. “Quando os tutores sentem ansiedade, isso precisa ser considerado, porque o pet capta esse estado emocional. Eles sintonizam conosco”, explica.
Reconhecer esse sentimento não significa fragilidade, mas maturidade emocional dentro da relação humano-animal. Ao cuidar da própria ansiedade, o tutor também protege o bem-estar emocional dos animais.
Uma escolha relacional, não moral
Renata reforça que a decisão de viajar com pet não deve ser vista como prova de amor ou descuido. “O vínculo é uma via de mão dupla: o bem-estar do pet afeta o do tutor e vice-versa”, afirma.
Em alguns casos, deixar o animal em um ambiente seguro e previsível é um gesto de cuidado profundo. Além disso, ensinar o pet a lidar com a separação de forma gradual ajuda ambos a desenvolverem segurança emocional.
Mais do que decidir entre levar ou ficar, o essencial é respeitar o vínculo, reduzir o sofrimento e promover equilíbrio.
Resumo: A ansiedade de separação em pets é real, comprovada pela ciência e influencia diretamente as decisões nas férias. Avaliar o vínculo emocional entre pets e tutores, respeitar a sensibilidade de cada animal e priorizar o bem-estar emocional dos animais são passos fundamentais. Não existe escolha certa, mas sim decisões conscientes e cuidadosas.
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