O papel do excesso de telas em problemas de visão tornou-se um tema central na saúde contemporânea, especialmente com a popularização do trabalho remoto, do ensino digital e do entretenimento online. Celulares, computadores e tablets passaram a ocupar horas significativas do dia, muitas vezes sem pausas adequadas.
Esse novo padrão de comportamento levanta alertas entre especialistas em oftalmologia, que observam o crescimento de queixas relacionadas à fadiga ocular, visão embaçada e desconforto visual, tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes.
Como o excesso de telas afeta a saúde dos olhos?
O impacto do uso prolongado de dispositivos digitais está diretamente ligado à forma como os olhos se comportam diante das telas. Ao contrário da leitura em papel, a exposição contínua à luz azul e a necessidade de foco constante reduzem a frequência do piscar, o que compromete a lubrificação natural dos olhos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o esforço visual repetitivo pode desencadear a chamada síndrome da visão computacional, um conjunto de sintomas que inclui ardência, olhos secos e dores de cabeça. Além disso, a proximidade excessiva das telas exige um trabalho muscular contínuo, favorecendo o cansaço ocular ao longo do dia.

Por que o problema tem crescido nos últimos anos?
O avanço tecnológico e a digitalização acelerada de serviços explicam parte desse cenário. Por outro lado, a ausência de educação visual e de limites claros para o uso de telas agrava o problema. Crianças em idade escolar, por exemplo, passaram a ter contato precoce com smartphones e tablets, muitas vezes sem supervisão adequada.
Segundo o oftalmologista Dr. Milton Ruiz, referência nacional em saúde ocular, “o olho humano não foi projetado para longos períodos de foco em distâncias tão curtas”. A declaração foi concedida em entrevista à Sociedade Brasileira de Oftalmologia, que reforça a importância de pausas regulares durante o uso de telas.
Quais são os problemas de visão mais associados ao uso excessivo de telas?
Os efeitos do uso prolongado de dispositivos digitais podem variar de acordo com a idade, a rotina e a predisposição genética. Ainda assim, alguns quadros são recorrentes e merecem atenção:
- Fadiga ocular digital, com sensação de peso nos olhos
- Olhos secos, causados pela diminuição do piscar
- Visão embaçada após longos períodos de uso
- Dores de cabeça tensionais
- Sensibilidade à luz artificial
Esses sintomas tendem a se intensificar em ambientes com iluminação inadequada ou postura incorreta diante das telas, fatores comuns em home offices improvisados.
Existem formas de reduzir os impactos do uso de telas?
Embora o uso de dispositivos digitais seja inevitável, algumas medidas simples ajudam a preservar a saúde visual. A mais conhecida é a regra vinte-vinte-vinte: a cada vinte minutos, olhar por vinte segundos para algo a seis metros de distância. Essa prática relaxa a musculatura ocular e reduz a fadiga.
Além disso, manter a tela na altura dos olhos, ajustar o brilho conforme a iluminação do ambiente e realizar consultas oftalmológicas periódicas são estratégias recomendadas por especialistas. O uso de filtros de luz azul, embora controverso, também pode oferecer conforto em determinadas situações, segundo estudos publicados pela Associação Americana de Oftalmologia
Um olhar atento para o futuro da saúde visual
Refletir sobre o papel do excesso de telas em problemas de visão é essencial em uma sociedade cada vez mais conectada. A tecnologia oferece benefícios inegáveis, mas exige consciência e equilíbrio para não comprometer a saúde ocular.
Ao adotar hábitos mais saudáveis e buscar informação de qualidade, é possível conviver com as telas de forma mais segura. A pergunta que fica é simples e necessária: como ajustar a rotina digital de hoje para preservar a visão de amanhã?






