A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio mais comum do que se imagina e segue sendo pouco diagnosticado no Brasil. Estimativas nacionais e internacionais indicam que entre um terço e quase metade da população adulta convive com algum grau do problema, que provoca interrupções repetidas da respiração durante o sono e compromete diferentes funções do organismo.
Nos últimos meses, o tema voltou ao centro das discussões na área da saúde com a liberação do medicamento Monjauro como terapia auxiliar no tratamento da condição. A novidade reforçou algo que já vinha sendo observado na prática clínica, a necessidade de um cuidado multidisciplinar e a ampliação do papel da odontologia no acompanhamento desses pacientes.
O que é a apneia do sono e por que ela preocupa?
A apneia obstrutiva do sono ocorre quando as vias aéreas se fecham parcial ou totalmente durante o descanso, interrompendo a passagem de ar. Essas pausas respiratórias podem se repetir dezenas de vezes ao longo da noite e afetam diretamente a oxigenação do corpo.
O distúrbio está associado a impactos no sistema cardiovascular, no metabolismo, na memória, na concentração e no humor, além de aumentar o risco de hipertensão, arritmias e acidentes causados pela sonolência excessiva durante o dia.
A prevalência cresce com a idade. Homens acima dos 40 anos concentram uma parcela expressiva dos casos, mas mulheres após a menopausa também apresentam aumento significativo na ocorrência. Os quadros moderados e graves representam uma fatia importante da população adulta, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais relevante.
Por que os dentistas passaram a integrar o tratamento?
Alterações na posição da mandíbula, da língua e da estrutura da arcada dentária influenciam diretamente a abertura das vias aéreas durante o sono. No consultório odontológico, sinais como desgaste dentário, respiração bucal frequente, alterações na mordida e relatos de ronco intenso costumam surgir antes mesmo de um diagnóstico formal da apneia. Esse contato frequente faz do dentista um profissional estratégico na identificação precoce do problema.
Dispositivos orais ajudam a manter a via aérea aberta
Uma das principais contribuições da odontologia no tratamento da apneia é o uso de dispositivos intraorais personalizados. Esses aparelhos reposicionam a mandíbula e a língua durante o sono, facilitando a passagem de ar e reduzindo os episódios de obstrução.

Eles são indicados, principalmente, para casos leves a moderados ou para pacientes que não se adaptam ao uso do CPAP, equipamento tradicionalmente utilizado no tratamento da apneia. Quando bem indicados e acompanhados, os dispositivos apresentam bons resultados e costumam ter maior adesão.
A apneia do sono exige uma abordagem combinada. Mudanças no estilo de vida, controle do peso, cuidados com a higiene do sono e acompanhamento regular fazem parte do manejo da doença. A liberação de novas terapias auxiliares amplia as possibilidades, mas não substitui o acompanhamento contínuo.
A integração entre diferentes áreas da saúde permite ajustar o tratamento às necessidades de cada paciente, reduzindo sintomas e melhorando a qualidade de vida.
Resumo:
A apneia do sono é um distúrbio comum e subdiagnosticado, com impacto direto na saúde cardiovascular e na qualidade de vida. Dentistas passaram a integrar o tratamento por meio da identificação precoce e do uso de dispositivos intraorais que ajudam a manter as vias aéreas abertas. A abordagem multidisciplinar amplia as chances de controle da doença e melhora os resultados do tratamento.
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