Fim de ano é época de celebrações, encontros e mesas fartas, mas todo excesso tem um preço – e quem paga a conta é o intestino. Comidas muito gordurosas, doces em grande quantidade e consumo de álcool são a combinação certeira para o desconforto intestinal. Segundo Lucas Nacif, cirurgião do aparelho digestivo e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), exageros alimentares típicos dessa época podem causar desde prisão de ventre até alterações na microbiota intestinal.
Os excessos das festas podem levar a inchaço, alterações no ritmo intestinal e até impactar na energia e disposição, além de interferir na imunidade. A boa notícia é que com alguns ajustes simples na alimentação, é possível evitar o desconforto, sem abrir mão das delícias irresistíveis das ceias de Natal e Ano Novo.
Como exageros afetam o intestino
Refeições gordurosas tornam a digestão mais lenta e aumentam a sensação de peso e mal-estar, mas as consequências do exagero não param por aí.
“Os açúcares simples alimentam excessivamente as bactérias fermentadoras, o que pode gerar mais gases, estufamento e alterações no trânsito intestinal”, alerta Pedro Barros, nutricionista, educador físico e proprietário da Academia Strong Blocks.
As bebidas alcoólicas, muito presentes nas festas de fim de ano, também podem irritar o intestino e aumentar a produção de gases, contribuindo para o desconforto abdominal.
Além do desconforto imediato, o consumo excessivo pode alterar o equilíbrio da microbiota intestinal, que desempenha papel central na digestão, absorção de nutrientes e imunidade. “Esses fatores combinados deixam o sistema digestivo mais inflamado e sensível, especialmente em quem já apresenta alguma predisposição”, explica o nutricionista.
O segredo do equilíbrio
Mesmo com as tentações da temporada, é possível aproveitar a ceia sem prejudicar o intestino. Pedro recomenda algumas estratégias simples:
- Não pular refeições antes do evento para evitar chegar com muita fome.
- Começar a refeição com vegetais para aumentar a saciedade.
- Comer devagar, fazendo pequenas pausas entre as porções.
- Manter-se hidratado ao longo da ceia.
- Escolher conscientemente onde “exagerar” durante a refeição.
Para quem já tem intestino sensível, ou seja, sofre com gastrite, refluxo ou síndrome do intestino irritável, o cuidado precisa ser redobrado.
Alimentos muito gordurosos, frituras, bebidas gaseificadas e doces concentrados podem piorar os sintomas. O ideal é priorizar refeições mais leves, com proteínas de fácil digestão, como peixe e frango, e evitar misturar diferentes tipos de bebidas alcoólicas.
Três erros comuns e como evitá-los
Jejum prolongado antes da ceia: aumenta o risco de exageros.
Estratégia: faça refeições leves ao longo do dia.
Misturar álcool com frituras e alimentos pesados: sobrecarrega o sistema digestivo.
Estratégia: intercale bebidas alcoólicas com água e consuma pratos mais leves entre os drinks.
Comer muito rápido: dificulta que o corpo perceba a saciedade.
Estratégia: mastigar bem, fazer pequenas pausas e ouvir os sinais de fome e saciedade.
Alimentos aliados do intestino
Alguns alimentos naturais podem favorecer o intestino durante as festas. Frutas como maçã, pera e manga, além de sementes como chia e linhaça, ajudam a regular o trânsito intestinal.
Vegetais amargos, como rúcula e couve, auxiliam na digestão de gorduras. Condimentos naturais, como gengibre, hortelã, cúrcuma e erva-doce, acalmam o estômago e facilitam a digestão. Quem tolera bem alimentos fermentados, como kefir e kombucha, também pode incluir na ceia para equilibrar a microbiota.
Depois da meia-noite
No dia seguinte, os cuidados continuam: comece o dia reforçando a hidratação e invista em chás digestivos, como hortelã, camomila e erva-doce. “Sopas leves, caldos vegetais, legumes cozidos, peixes, arroz integral e tubérculos são boas opções para recuperar a função digestiva”, orienta Pedro.
Evite frituras, ultraprocessados e álcool até que o sistema digestivo esteja equilibrado.
Alguns sintomas indicam que o desconforto ultrapassou o esperado: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangue nas fezes, febre, diarreia prolongada, inchaço extremo ou agravamento de sintomas de refluxo. Nesses casos, é fundamental procurar avaliação médica.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1498, de 5 de dezembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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