O cartão de crédito faz parte da rotina de milhões de brasileiros e segue crescendo tanto nas compras presenciais quanto no comércio online. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) confirmam essa expansão constante. No entanto, esse avanço vem acompanhado de um alerta importante: segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), cerca de 80 milhões de pessoas encerraram o ano endividadas.
O influenciador e especialista em planejamento financeiro Breno Nogueira chama atenção para um comportamento comum — e perigoso. Para ele, o uso excessivo do crédito cria a falsa sensação de que a renda é maior do que realmente é. “Quando a pessoa passa tudo no crédito, perde a noção do dinheiro real disponível”, explica. Por outro lado, priorizar o cartão de débito — ou o pagamento à vista — ajuda a manter o orçamento sob controle e reduz riscos como parcelas acumuladas e cobranças inesperadas.
A seguir, Breno lista cinco motivos para repensar o uso do cartão de crédito em 2026 e dar mais espaço ao débito no dia a dia.
1. Cartão de crédito transforma o salário em pagador de fatura
Quando o consumidor concentra todas as despesas no cartão de crédito, o salário deixa de sustentar a vida real. Em vez disso, passa a servir apenas para pagar faturas. Segundo Breno, esse hábito empurra muitas famílias para um ciclo perigoso: o dinheiro acaba antes do fim do mês e o crédito vira solução constante.
Além disso, o limite disponível reforça a ilusão de folga financeira. Diferentemente do cartão de débito, que mostra imediatamente o impacto do gasto no saldo, o crédito posterga essa percepção — e, consequentemente, dificulta decisões mais conscientes.
2. Crédito esconde gastos variáveis do dia a dia
Pequenas despesas, como café, delivery ou compras rápidas no mercado, mudam diariamente. Por isso, exigem acompanhamento constante. No cartão de crédito, esses valores se acumulam silenciosamente e só aparecem na fatura semanas depois.
Segundo o especialista, é justamente nesses gastos flexíveis que o cartão de débito funciona melhor. Quando o saldo diminui na hora, o consumidor tem a chance de ajustar o ritmo imediatamente, evitando que pequenas compras se transformem em uma fatura pesada no mês seguinte.

3. Parcelamento no crédito pressiona despesas essenciais
Parcelar compras pode ser útil, desde que feito com planejamento. No entanto, quando as parcelas se acumulam no cartão de crédito, elas passam a competir com despesas básicas, como aluguel, contas de luz e gastos com saúde.
Breno reforça que o problema não está no parcelamento em si, mas na falta de margem financeira. Já no débito, a compra pesa no orçamento no momento certo. Dessa forma, a pessoa evita comprometer a renda por meses e preserva o equilíbrio financeiro.
4. Muitos cartões de crédito dificultam o controle
Ter vários cartões de crédito ativos aumenta consideravelmente o risco de perder o controle dos gastos. Com faturas diferentes, datas variadas e limites elevados, o consumidor se confunde — e a inadimplência se torna mais provável.
Por isso, Breno recomenda reduzir a quantidade de cartões e priorizar o cartão de débito durante o processo de reorganização financeira. Assim, fica mais fácil visualizar o dinheiro disponível e evitar cobranças inesperadas.
5. Limite do cartão de crédito não é renda — e isso custa caro
Um dos erros mais comuns, segundo o especialista, é tratar o limite do cartão de crédito como se fosse uma extensão do salário. Na prática, o crédito representa apenas uma antecipação de renda futura.
“Quando a pessoa depende do limite para fechar o mês, qualquer imprevisto vira um gatilho para o endividamento”, afirma Breno. Ao priorizar o débito, o consumidor volta a basear suas decisões no dinheiro real — e não em projeções que podem falhar.
Resumo: Trocar o cartão de crédito pelo cartão de débito em 2026 pode ser um passo decisivo para recuperar o controle financeiro. O débito traz mais consciência, evita parcelas acumuladas e ajuda a ajustar o orçamento à realidade. Com pequenas mudanças de hábito, é possível reduzir dívidas e viver com mais tranquilidade.
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