Durante muito tempo, a vitamina C foi vista como o grande coringa da rotina de cuidados com a pele. Bastava um novo sérum chegar às prateleiras para ganhar status de essencial e, logo depois, ser alvo de discussões sobre possíveis efeitos indesejados.
Entre relatos de quem garante que o ativo ilumina e uniformiza e histórias de quem afirma notar o contrário, sobra confusão para quem tenta montar uma rotina eficiente. Mas o que a ciência e a prática clínica realmente apontam sobre esse ingrediente tão popular?
A fama do ativo cresce na mesma velocidade das informações desencontradas. Séruns, cremes e maquiagens prometem mais viço, textura uniforme e proteção antioxidante. Ao mesmo tempo, circulam relatos sobre manchas, acne e irritação. Antes de entender o que é mito e o que é fato, é importante lembrar que a vitamina C aparece em formulações variadas, com texturas e concentrações diferentes, o que naturalmente gera experiências distintas.
Para esclarecer essas questões, a dermatologista Paula Sian explica o que procede e o que não passa de interpretação equivocada sobre o ativo.
A vitamina C escurece a pele?
Mito. Segundo Paula Sian, o ativo não causa manchas. “A vitamina C ajuda a uniformizar o tom da pele, reduzir a hiperpigmentação e oferecer proteção adicional contra os danos do sol. Produtos oxidados ficam com coloração amarronzada, e podem deixar a pele momentaneamente mais escura, mas nada que não saia lavando o rosto.”
A oxidação é inevitável em qualquer fórmula?
Parcialmente verdadeiro. A vitamina C pura, conhecida como ácido L-ascórbico, realmente é instável. Por isso, a indústria desenvolveu alternativas mais resistentes. “Derivados como o ascorbil fosfato de magnésio e o tetrahexildecil ascorbate apresentam maior estabilidade e menor risco de oxidação. A cor levemente amarelada não significa perda total de eficácia, mas um produto alaranjado ou escuro deve ser descartado”, afirma a dermatologista.
Posso aplicar vitamina C durante o dia?
Verdade. O uso matinal não apenas é permitido como costuma oferecer melhores resultados. “Ela funciona como um potente antioxidante, neutralizando radicais livres gerados por poluição, luz azul e radiação UV. Associada ao protetor solar, potencializa a fotoproteção”, explica Paula. O ativo ainda contribui para reduzir a oxidação provocada pelos raios ultravioletas, útil para quem deseja prevenir ou tratar manchas de sol e melasma.
A vitamina C provoca acne?
Mito. O ativo não bloqueia poros, mas algumas fórmulas podem conter óleos estabilizadores. Isso faz com que peles oleosas se adaptem melhor a séruns leves e aquosos. “Em geral, o ativo não provoca acne, mas formulações cremosas podem ser mais pesadas ou causar desconforto ou sensação pegajosa em peles mistas ou oleosas. Escolha a textura que mais se adequa ao seu tipo de pele”, orienta a médica.
Gestantes podem usar vitamina C?
Verdade. A substância é considerada segura durante a gestação. “Ela ajuda a prevenir manchas, melhora o viço e contribui para uma pele mais protegida em um período em que a pele costuma ficar mais sensível ao sol”, comenta Paula.

Quanto maior a concentração, maior o efeito?
Mito. As melhores respostas costumam aparecer entre 10% e 20%. “Acima de 20%, os benefícios não aumentam significativamente, mas o risco de irritação sim. O ideal é combinar formulação adequada, boa procedência e orientações dermatológicas”, reforça a especialista. Produtos sem indicação de concentração costumam ter menos de 5%, o que limita seus efeitos.
A vitamina C clareia imediatamente?
Mito. Apesar do brilho inicial que algumas pessoas relatam, os resultados são graduais. “O efeito iluminador pode ser percebido em algumas semanas, mas o clareamento de manchas exige consistência e, muitas vezes, combinação com outros ativos”, explica a dermatologista.
É possível ter alergia ao ativo?
Verdade, mas pouco frequente. Quando isso acontece, costuma envolver peles mais sensíveis ou uso inicial de concentrações elevadas. A ardência pode ser um sinal de irritação. Por isso, começar com fórmulas suaves é mais seguro, especialmente para quem nunca usou o ingrediente. Paula ressalta que o acompanhamento profissional ajuda a ajustar concentrações e avaliar a necessidade de aumentar a potência ao longo do tempo.
No fim, a vitamina C segue como um dos ativos mais usados na dermatologia, mas sua eficácia depende de fatores como textura, estabilidade, concentração e constância de uso. “O acompanhamento dermatológico é fundamental para garantir que o paciente alcance resultados reais, seguros e duradouros”, finaliza Paula Sian.
Resumo:
A vitamina C permanece entre os ativos mais utilizados no skincare, mas seus efeitos variam conforme concentração, textura e estabilidade da fórmula. Ela não mancha, pode ser usada durante o dia e não causa acne, desde que a formulação seja adequada ao tipo de pele. Os resultados são progressivos e o acompanhamento dermatológico ajuda a evitar irritações e otimizar ganhos.
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