A ciência avançou tanto nas últimas décadas que, hoje, conseguimos acompanhar como o cérebro se transforma em cada etapa da vida. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram mais de quatro mil exames cerebrais, de pessoas entre 0 e 90 anos, e identificaram cinco grandes fases da vida que influenciam nossa memória, emoções e até o risco de desenvolver transtornos mentais.
Ao observarem essas mudanças, eles perceberam que o cérebro não amadurece de forma contínua; pelo contrário, evolui em ciclos que apresentam pontos de virada bem definidos.
O estudo abre novas portas para entendermos por que alguns desafios — como ansiedade, esquecimento ou dificuldade de foco — aparecem com mais força em determinadas idades. Por isso, compreender a lógica dessas transformações nos ajuda a olhar para o próprio desenvolvimento com mais acolhimento e menos pressão.
Até que idade vai a adolescência?
Uma das descobertas mais impressionantes diz respeito ao período que chamamos de adolescência. Segundo a pesquisadora Alexa Mousley, nessa fase o cérebro passa por um ganho intenso de eficiência ao longo dessa fase, fortalecendo e desligando conexões conforme aprendemos, erramos, amadurecemos e vivemos novas experiências.
Ou seja, é normal que emoções fiquem mais intensas e que decisões importantes pareçam mais desafiadoras nesse período, já que o cérebro está construindo rotas mais rápidas e organizadas para funcionar melhor.
Esse achado também ajuda a explicar por que tantos transtornos mentais aparecem justamente antes dos 30. Como as redes neurais se reorganizam de maneira acelerada, qualquer desequilíbrio pode influenciar humor, comportamento e até a forma como respondemos ao estresse.
O que acontece depois? A longa fase adulta
Após o auge da eficiência cerebral, que marca o encerramento da adolescência, inicia-se a vida adulta propriamente dita. Essa etapa, que os pesquisadores situam entre os 32 e os 66 anos, é a mais estável de todas. A velocidade das mudanças diminui, embora o cérebro continue se ajustando conforme vivemos novas experiências.
Inclusive, muitos estudos apontam que esse período acompanha um equilíbrio emocional maior, o que se alinha à ideia de que a maturidade traz estabilidade interna — algo que muitas de nós reconhecemos. Ainda assim, vale lembrar que o cérebro continua treinável: aprender algo novo, ler com frequência ou manter hábitos saudáveis fortalece conexões e protege a memória no futuro.
Envelhecimento e novas reorganizações cerebrais
A partir dos 66 anos, começa o chamado envelhecimento inicial, quando o cérebro deixa de operar como uma rede totalmente integrada e passa a funcionar de modo mais regionalizado. Embora essa mudança seja natural, ela também coincide com a fase em que podem surgir sinais de demência e alterações de saúde relacionadas ao envelhecimento.
Já depois dos 83 anos inicia-se a fase final, ainda pouco estudada por conta da escassez de cérebros saudáveis disponíveis para escaneamento. Mesmo assim, os pesquisadores observam que essas reorganizações continuam, só que de maneira mais acentuada.

A revelação que mais chamou atenção dos cientistas
Embora o estudo traga diversos insights valiosos, um deles ganhou destaque na comunidade científica: a pesquisa confirma, de forma inédita, que o cérebro permanece em estado adolescente dos 9 aos 32 anos. Essa conclusão só foi possível graças ao volume de exames analisados e reforça mudanças sociais já percebidas, como a parentalidade tardia e a busca por estabilidade emocional por volta dos 30.
Resumo: O estudo da Universidade de Cambridge identificou cinco grandes fases da vida e mostrou que o cérebro amadurece em ciclos. A pesquisa também revelou até que idade vai a adolescência, estendendo-a até os 32 anos. As descobertas ajudam a entender comportamentos, emoções e riscos de saúde mental em cada etapa da vida.
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