Uma pesquisa publicada na revista Nature Genetics está redefinindo a compreensão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao identificar quatro subgrupos biológicos distintos. O estudo, conduzido pela Universidade de Princeton e pela Simons Foundation, analisou dados de mais de 5.300 crianças autistas.
“Essa pesquisa confirma algo que já observamos na prática: não existe um autista típico. Cada perfil demanda estratégias específicas de diagnóstico e cuidado”, observa Thalita Possmoser, vice-presidente clínica da Genial Care.
A pesquisa também destacou o risco de meninas autistas passarem despercebidas por apresentarem sintomas mais sutis e por estereótipos de gênero que mascaram o quadro.
Além disso, os cientistas associaram os diferentes perfis a etapas específicas do desenvolvimento cerebral, revelando bases genéticas distintas. No Brasil, onde testes genéticos ainda são pouco acessíveis, o estudo reforça a urgência de políticas públicas que ampliem o diagnóstico precoce, formem especialistas e garantam acesso a terapias personalizadas para cada tipo de autismo identificado. Por aqui, o diagnóstico costuma ocorrer após os 4 anos de idade – essa nova descoberta reforça os riscos de subdiagnósticos e atrasos na intervenção.
Por que o diagnóstico precoce é tão importante?
Quanto mais cedo a criança recebe apoio, maiores são as chances de desenvolver habilidades sociais, de comunicação e autonomia funcional. Intervenções precoces ajudam o cérebro, ainda em intensa formação, a criar conexões que compensam dificuldades e potencializam pontos fortes.
Estudos mostram que, quando o suporte começa antes dos 3 anos, o impacto no desenvolvimento pode ser significativamente maior.
Sinais que podem passar despercebidos
Além dos comportamentos mais conhecidos, como dificuldade de interação social e interesses restritos, existem sinais sutis que muitas vezes não são identificados, especialmente em meninas.
Entre eles estão sensibilidade elevada a ruídos ou texturas, exaustão após interações sociais, tendência a imitar comportamentos para se “camuflar” em grupos e perfeccionismo que funciona como estratégia para esconder dificuldades. Esses indícios, quando persistentes, merecem investigação profissional.
O que muda com a descoberta dos quatro perfis
A divisão biológica em subgrupos abre caminho para uma abordagem mais personalizada, em que terapias, estratégias educacionais e intervenções comportamentais podem ser ajustadas conforme o perfil da criança. Isso inclui entender quais áreas do desenvolvimento estão mais envolvidas, quais habilidades podem ser priorizadas e quais desafios tendem a ser mais intensos. É um passo importante em direção a tratamentos menos genéricos e mais eficazes.
Como apoiar famílias após o diagnóstico
Receber o diagnóstico costuma ser um processo cercado de dúvidas. Ter uma rede de apoio, acessar conteúdos confiáveis e contar com orientação de profissionais especializados ajuda a reduzir a sobrecarga emocional. Grupos de pais, acompanhamento interdisciplinar e escolas preparadas para lidar com diferentes formas de aprendizagem fazem diferença na adaptação da criança e na qualidade de vida da família como um todo.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1493, de 31 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.








