Com cada vez mais crianças acessando a internet cedo, muitas famílias se sentem preocupadas, e isso é absolutamente compreensível. Afinal, todo mundo quer garantir que filhas e filhos explorem o mundo digital com mais segurança — mas sem perder liberdade e
“O ambiente digital ampliou significativamente as formas de violência contra crianças e adolescentes, especialmente contra meninas”, afirma Cynthia Bertti, CEO da Plan International Brasil em entrevista à AnaMaria. Ela explica que práticas como assédio, exploração sexual, exposição indevida e aliciamento se tornam comuns quando não há supervisão ou orientação adequada.
Além disso, Cynthia alerta que a lógica das plataformas contribui para a adultização de meninas. “Os algoritmos reforçam estereótipos e padrões estéticos que afetam diretamente a autoestima das meninas”, explica Cynthia. Por isso, investir em educação digital e em proteção digital é urgente para que crianças e adolescentes entendam riscos, saibam pedir ajuda e naveguem com autonomia.
Desigualdades que ampliam riscos para meninas
De acordo com Cynthia, meninas enfrentam riscos maiores, pois vivem em um contexto atravessado por desigualdades estruturais. Elas lidam com padrões machistas e racistas que se reproduzem no ambiente digital e podem sofrer desde cyberbullying até a divulgação não consentida de imagens.
Esse cenário compromete autoestima, bem-estar emocional e liberdade de expressão. As redes, impulsionadas por algoritmos que favorecem engajamento a qualquer custo, acabam destacando conteúdos que reforçam a hipersexualização de meninas.
Controle parental sem rigidez: equilíbrio entre proteção e confiança
Para muitas famílias, lidar com riscos digitais pode parecer assustador. Ainda assim, Cynthia lembra que o diálogo é sempre o ponto de partida. “A proteção online exige mais do que vigilância, ela requer presença, escuta, afeto e educação”, destaca.
Ela orienta que pais e responsáveis conversem abertamente sobre plataformas usadas, influenciadores preferidos e sentimentos que surgem durante o uso das redes. O controle parental, embora útil, deve aparecer como apoio — não como punição. Dessa forma, crianças e adolescentes se sentem acompanhados, e não vigiados.
Além disso, Cynthia reforça que educação digital é um processo coletivo: escolas, comunidades e plataformas também precisam assumir responsabilidade. Quando todos trabalham juntos, as famílias não ficam sobrecarregadas e o ambiente digital se torna mais saudável e acolhedor.

Por que a proteção digital depende de toda a sociedade
A segurança na internet deve ser tratada como prioridade social. Cynthia explica que escolas devem incluir educação digital nos currículos, criar protocolos de prevenção e oferecer espaços de escuta. As big techs, por sua vez, precisam investir em moderação mais eficaz, transparência e canais de denúncia acessíveis.
Governos têm papel fundamental ao regulamentar uso de dados, fortalecer políticas de inclusão digital e garantir orçamento para proteção da infância. Além disso, campanhas de conscientização promovidas por organizações e comunidade fortalecem a cultura de respeito e responsabilidade online.
Educação digital como ferramenta de autonomia e transformação
Ensinar meninas e meninos a usar a internet com pensamento crítico é um dos caminhos mais eficazes para criar ambientes digitais inclusivos. Isso inclui aprender sobre direitos humanos, diversidade, ética, verificação de informações e produção de conteúdo positivo.
Quando recebem apoio e orientação, crianças e adolescentes conseguem identificar fake news, reconhecer discursos de ódio e denunciar violências. Mais do que isso, passam a usar a internet para expressar suas histórias, criar vínculos, mobilizar causas e transformar suas comunidades.
Resumo: A educação digital tem papel central na prevenção das violências online. Com diálogo, presença e políticas públicas, é possível construir ambientes mais seguros para meninas e meninos. Assim, a proteção digital se fortalece e ajuda crianças a crescerem com mais autonomia e confiança.
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