O Papa, Jesus e Sua Mãe
A Visão Espírita da Salvação
Em recente declaração, o Papa Leão XIV afirmou que a mãe de Jesus, Maria, pode ser a ponte entre as pessoas e o seu filho, mas, na visão da igreja, apenas Jesus pode ser considerado o Salvador.
Grosso modo, tal afirmação está baseada no entendimento de que o Cristo morreu na cruz para salvar a humanidade, ou seja: morreu por nós, livrando de todos os pecados, com o seu sangue, aqueles que nele creem.
Qual a visão espírita do sacrifício de Jesus?
Para nós, espíritas, o sacrifício de Jesus mostra o grau de primitivismo da humanidade à época e deixa um legado de resignação, perdão, amor ao próximo e fé, todavia, legando a cada criatura, por iniciativa própria, a tarefa de buscar, seguindo os exemplos do Cristo, a sua salvação.
Para nós, o mais importante foram os ensinamentos e os exemplos deixados, servindo como uma meta a ser perseguida por todos, ao longo do processo evolutivo.
Daí a importância de analisarmos o Cristo e sua trajetória na terra à luz da reencarnação, pois 50 ou 60 anos não tiram ninguém da barbárie promovendo à angelitude.
Eu gostaria muito de acreditar que ele realmente me livrou de todos os pecados, mas estou convicto que eu terei que me livrar deles a partir de minha própria conduta, superando minhas más inclinações, minhas imperfeições e meu comportamento ainda longe de espelhar Seu legado.
E essa não é uma tarefa para algumas poucas décadas! Penso ainda naqueles que não conheceram o Cristo, os que morreram antes de Ele nascer, os que creem em outros profetas, como os muçulmanos, budistas, xintoístas etc, que somam bilhões de criaturas. Como ficariam?
Jesus realmente se sacrificou por nós? sim! Esteve entre nós numa época de barbárie, de injustiças, de violência e semeou paz, amor, perdão, exemplificando tudo com a própria vida! Ele não precisava disso, mas nós precisávamos dele, como ainda precisamos.
Mais de dois mil anos se passaram e ainda verificamos um planeta tomado por guerras, convencionais ou não, egoísmo, consumismo, imediatismo e tantos outros “ismos” que marcam o quanto ainda não somos dignos do Seu sacrifício.
Simplesmente salvar toda essa humanidade desequilibrada não seria compatível com o que entendemos como Justiça Divina. Atirar todos a um inferno de eternas torturas tampouco seria proporcional.
Ele afirmou categoricamente: “nenhuma ovelha se perderá do meu rebanho”. Todas irão ao seu encontro. Uma a uma, conforme o uso do seu livre-arbítrio no caminho da evolução.
Ele não tem pressa. Nós é que precisamos apertar o passo.
Edson Sardano








