Quando o desejo de engravidar aparece, é natural que muitas mulheres busquem respostas rápidas. No entanto, a avalanche de palpites, receitas caseiras e crendices da internet pode gerar ainda mais dúvidas. Por isso, especialistas reforçam que entender a própria fertilidade é o primeiro passo para tomar decisões seguras e evitar frustrações.
A infertilidade, reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta 1 em cada 6 pessoas em idade reprodutiva. Marcelo Marinho, especialista em reprodução humana da FERTIPRAXIS Centro de Reprodução Humana, explica que o tema deve ser tratado como questão de saúde pública, já que impacta o bem-estar emocional, o planejamento familiar e até a vida profissional.
A condição pode ser primária, quando nunca houve gravidez, ou secundária, quando o casal já engravidou antes.
De acordo com a SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), 35% dos casos estão ligados à mulher, 35% ao homem, 20% ao casal e 10% permanecem sem causa conhecida. Ainda assim, muitos mitos continuam circulando. Por isso, reunimos os principais e explicamos, de forma clara, o que realmente importa para quem deseja engravidar de maneira consciente.
1. “Levantar as pernas ajuda a engravidar”: mito sobre engravidar
Embora seja uma das crenças mais repetidas, a orientação não tem fundamento científico. Marcelo esclarece que essa prática não aumenta as chances de concepção. Ou seja: levantar as pernas não faz o espermatozoide “chegar mais rápido”. É apenas um hábito popular sem efeito real.
Portanto, em vez de apostar em truques, o ideal é focar em exames, acompanhamento médico e hábitos saudáveis, que são fatores que realmente influenciam a fertilidade.
2. O chá de amora melhora a fertilidade? Entenda o mito
É verdade que a amora oferece vitaminas, antioxidantes, minerais e propriedades que fazem bem ao organismo. Entretanto, apesar de seus benefícios, nenhum estudo comprova que o chá aumenta a fertilidade ou resolve casos de infertilidade.
Ainda assim, manter uma alimentação equilibrada contribui para regular hormônios, prevenir doenças metabólicas e apoiar o funcionamento do corpo como um todo. Portanto, embora o chá não faça milagres, um estilo de vida saudável sempre ajuda — ainda mais para quem deseja engravidar.
3. Anticoncepcional causa infertilidade: por que isso não é verdade
Outro mito muito comum é o medo de que o uso prolongado de anticoncepcionais prejudique a chance de engravidar. O especialista reforça que nenhum método contraceptivo — pílula, DIU, implante, diafragma, injeção — provoca infertilidade.
“O que realmente interfere são fatores como endometriose, síndrome dos ovários policísticos, alterações hormonais, tabagismo, uso de anabolizantes, infecções, varicocele e problemas genéticos”, explica o médico. Por isso, interromper o anticoncepcional, acompanhado de orientação profissional, já permite que a fertilidade retorne naturalmente.

4. A idade só importa depois dos 40? A fertilidade começa a cair antes
A ideia de que a idade só afeta a fertilidade após os 40 anos é enganosa. De acordo com o Marinho, a reserva ovariana começa a declinar após os 35. Assim, mulheres entre 35 e 37 devem investigar possíveis causas de infertilidade após seis meses de tentativas. Já a partir dos 38 anos, a recomendação é iniciar a investigação imediatamente.
Esse ponto é essencial, porque quanto mais tarde a mulher começar a tentar engravidar, maiores são as chances de encontrar óvulos em menor quantidade e qualidade.
5. Quem já engravidou antes sempre consegue de novo? Nem sempre
A infertilidade secundária existe e pode surpreender. O especialista destaca que fatores como idade e reserva ovariana impactam diretamente uma nova gravidez. “Se a mulher espera muito para tentar novamente, pode se deparar com uma redução significativa de óvulos”, afirma o médico.
Além disso, o envelhecimento natural dos óvulos aumenta a chance de alterações cromossômicas e abortamentos. Por isso, mesmo quem já foi mãe deve estar atenta ao próprio tempo biológico.
6. O principal segredo para engravidar: informação confiável e acompanhamento especializado
Apesar dos inúmeros mitos, o mais importante é entender que cada corpo funciona de maneira única. Portanto, investigar a fertilidade, fazer exames, conversar com especialistas e acompanhar a saúde reprodutiva regularmente são atitudes que fazem toda a diferença — especialmente para mulheres acima dos 35 anos.
Assim, embora dicas improvisadas pareçam tentadoras, a verdade é que conhecimento e orientação médica são os pilares para vencer a infertilidade e realizar o desejo de engravidar de forma segura e consciente.
Resumo: Avaliar sua fertilidade com profissionais é o passo mais seguro para quem deseja engravidar. Mitos populares confundem e atrasam diagnósticos importantes. A idade, os hábitos e fatores hormonais influenciam diretamente o processo. Com orientação e informação correta, é possível enfrentar a infertilidade com mais tranquilidade e clareza.
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