Queremos dar o nosso melhor em tudo e, quando possível, sermos a tal “melhor versão”. É a agenda profissional organizada, a casa impecável, refeições prontas no freezer, consultas marcadas, exames em dia, skincare noturno, rotina matinal, meia hora de cardio… a lista só cresce. Só que, aqui entre nós, dá para sustentar tudo isso sem pagar um preço alto? A sobrecarga invisível já é associada a estresse, fadiga persistente, ansiedade, sintomas depressivos e até burnout — que a Organização Mundial da Saúde inclusive reconhece como fenômeno ocupacional.
Quando tiramos o olhar da vitrine impecável das redes sociais e reparamos na vida real, percebemos algo incômodo: quase ninguém está plenamente bem. Todas nós estamos tentando equilibrar pratinhos demais (e, se cair, que não seja no nosso pé).
A pressão é constante: priorizar a si mesma, mas sem ser chamada de egoísta; cuidar da aparência, mas sem parecer que está “se arrumando demais”; manter a casa um brinco, mas sem virar refém da limpeza; ser envolvida com os filhos, mas não superprotetora; ser dedicada no trabalho, mas nunca “workaholic”.
Essa busca pelo equilíbrio perfeito — que, convenhamos, não existe — está nos deixando esgotadas por dentro.
Escolhendo nossas batalhas

E se, em vez de perseguir a perfeição, a gente adotasse micrometas diárias? Nada mirabolante: no lugar de ler um livro por semana, dez páginas por dia. No lugar da “alimentação 100% equilibrada”, duas frutas por dia e dois litros de água. Talvez tudo ficasse mais leve se tivéssemos conosco a mesma empatia que oferecemos aos outros — e se fôssemos mais honestas sobre o tamanho das nossas ambições perfeccionistas.
Ninguém está sugerindo jogar para o alto as resoluções de fim de ano (alô, 2026!). Mas dá para ir com menos sede ao pote. Escolher batalhas possíveis. Ajustar expectativas. Celebrar progressos minúsculos.
E, principalmente, lembrar que não existe prêmio para quem se esgota primeiro.
Nossa saúde mental agradece — e a vida, assim, fica menos corda bamba e mais chão firme.
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