O gesto que muitos tutores enxergam como uma prova de amor, o famoso “beijo do cão”, pode parecer inofensivo, mas exige atenção. Embora as lambidas sejam uma forma natural de afeto entre os animais, elas podem trazer perigos à saúde humana. Isso porque a saliva do cachorro pode transmitir doenças, inclusive quando o pet está vacinado e parece saudável.
De acordo com a professora Fabiana Volkweis, do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), é importante evitar que o animal lamba o rosto, a boca ou o nariz do tutor. Isso porque a cavidade oral do cão abriga microrganismos capazes de causar infecções.
Por que a saliva do cachorro pode transmitir doenças
Apesar de o “lambeijo” parecer um gesto de carinho, ele carrega uma questão de saúde pública. Os cães usam a lambedura para se limpar e aliviar o estresse, o que inclui áreas íntimas, feridas e até superfícies contaminadas. Assim, a saliva do cachorro pode transmitir doenças como giardíase, verminoses, micoses e infecções bacterianas.
Fabiana explica que, mesmo vacinados, os pets continuam expostos a parasitas e fungos. “As vacinas protegem contra doenças virais específicas, mas não impedem o contato com bactérias e protozoários que podem ser transmitidos pela saliva”, ressalta.
Um dos casos mais comuns é o da giardíase, infecção causada por um protozoário que provoca diarreia, dor abdominal e náuseas. “O cão pode lamber o próprio ânus após defecar e, em seguida, lamber o tutor, transmitindo agentes patogênicos”, alerta a veterinária. Por isso, entender se a saliva do cachorro pode transmitir doenças é essencial para prevenir complicações tanto no animal quanto na família.
Como prevenir infecções
A prevenção começa com cuidados diários. Escovar os dentes do pet com regularidade ajuda a reduzir o acúmulo de tártaro e o mau hálito, além de prevenir doenças periodontais. Segundo Fabiana, o excesso de placas bacterianas pode liberar microrganismos na corrente sanguínea, afetando órgãos como coração e rins.
Outro cuidado importante é garantir que o cachorro tenha acesso apenas a água limpa e potável, evitando que ele beba de poças ou locais contaminados. Além disso, o tutor deve manter o vermífugo em dia e realizar consultas veterinárias periódicas. “O vermífugo elimina parasitas presentes, mas não impede novas infecções. Por isso, o acompanhamento profissional é indispensável”, reforça a docente.
Essas medidas simples ajudam a manter a saúde do pet e também a evitar que a saliva do cachorro possa transmitir doenças dentro de casa.
Como ensinar o pet a demonstrar carinho
Se o seu cão é daqueles que insiste nas lambidas, a melhor saída é redirecionar o comportamento de maneira positiva. A veterinária orienta o tutor a ignorar as lambidas e oferecer outras formas de afeto, como carinhos, brincadeiras e comandos de reforço.
Com o tempo, o animal entende que o amor do tutor não depende das lambidas e passa a demonstrar carinho de outras formas tão afetuosas quanto, mas muito mais seguras. Dessa maneira, é possível preservar o vínculo com o pet sem colocar em risco a saúde de ninguém.
Resumo: As lambidas do cachorro são um gesto de amor, mas também uma possível fonte de infecção. Mesmo animais vacinados podem transmitir doenças por meio da saliva. Com cuidados simples de higiene, visitas regulares ao veterinário e um pouco de treino, é possível manter a convivência saudável entre pets e tutores.
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