O mês de novembro é dedicado à conscientização sobre o diabetes, com o Dia Mundial do Diabetes em 14 de novembro. Estimam-se 537 milhões de adultos com a condição no mundo, mais de 10% da população entre 20 e 79 anos. No Brasil, são mais de 15 milhões de pessoas e as projeções indicam avanço para cerca de 23 milhões até 2045. Em adultos, o diabetes está entre as principais causas de cegueira evitável.
Alterações visuais relacionadas ao diabetes surgem de forma discreta, não doem no começo e, quando dão sinais mais evidentes, podem ter avançado. A pergunta é inevitável: o que exatamente o excesso de açúcar está fazendo dentro do olho?
O que acontece na retina quando a glicose sobe
Quando a glicose permanece elevada, pequenos vasos da retina começam a sofrer. A estrutura é responsável por captar as imagens e transformá-las em impulsos para o cérebro. Com o tempo, os vasinhos se tornam frágeis, podem obstruir e vazar líquido, o que turva a visão. É o terreno da retinopatia diabética e do edema macular, duas das complicações mais associadas à perda visual em quem tem a doença.
“O aumento do açúcar no sangue causa uma lesão nas veias e artérias dentro do olho, aumentando o risco de sangramentos e inflamações na retina inclusive com o risco de deslocamento. Além disso, a diabetes pode favorecer o aparecimento precoce da catarata e aumentar a chance de desenvolvimento do glaucoma”, explica o oftalmologista Hallim Féres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da Prisma Visão.
Por que a retinopatia é tão traiçoeira
Nos estágios iniciais, a pessoa enxerga normalmente. A inflamação avança em silêncio, os vasos tentam se “reconstruir”, mas os novos são frágeis e rompem com facilidade, o que piora o quadro. “A diabetes altera os vasos da retina, aumentando a chance de oclusão e deixando a região sem oxigênio. O corpo tenta compensar formando novos vasos, mas eles são frágeis e têm maior risco de sangrar dentro do olho”, detalha o especialista.
O problema pode se concentrar no centro da retina, a mácula. “Esse acúmulo de líquido causa turvação visual e pode levar à perda da visão central, prejudicando atividades simples do dia a dia, como ler, dirigir e reconhecer rostos”, acrescenta o médico.
Vantagens de fazer o controle da glicemia
Embora não tenha cura, o controle da glicemia reduz drasticamente o risco de complicações oculares e sistêmicas. “Se a doença está controlada, dificilmente haverá lesão nos órgãos-alvo, como olhos, rins, cérebro, coração e extremidades”, reforça Hallim. A mensagem vale para quem já tem diagnóstico e para quem ainda não sabe se tem a doença, já que muitos casos são descobertos após uma avaliação de rotina.

O exame de fundo de olho é simples, rápido e revela alterações precoces, mesmo sem sintomas. “O acompanhamento permite detectar alterações precoces e evitar danos irreversíveis. Além disso, o exame de fundo de olho pode alertar o endocrinologista sobre o início de lesão em órgão-alvo, permitindo ajustes no tratamento”, explica o especialista. Para quem tem diabetes, a recomendação é manter consultas oftalmológicas periódicas, idealmente semestrais, conforme orientação médica.
Turvação visual, manchas escuras no campo de visão, dificuldade para ler, dor ocular, percepção de luzes ou linhas distorcidas e piora súbita da visão exigem avaliação imediata. Mesmo na ausência de sintomas, manter glicemia, pressão e colesterol sob controle, não fumar e comparecer aos exames reduz o risco de progressão.
Resumo:
Em novembro, o foco do cuidado com o diabetes também passa pelos olhos. A glicose alta danifica vasos da retina de forma silenciosa, causa retinopatia e edema macular e pode levar à perda visual. Controle metabólico e consultas oftalmológicas periódicas detectam alterações cedo e evitam danos. As falas do oftalmologista Hallim Féres Neto reforçam que tratar o diabetes é, também, proteger a visão.
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