Os testes de ancestralidade são uma febre nos Estados Unidos há anos e, no Brasil, embora não sejam exatamente novidade, têm se popularizado e se tornado cada vez mais acessíveis, despertando a curiosidade de quem quer conhecer suas raízes e descobrir histórias familiares inesperadas – sim, os testes podem revelar até mesmo parentescos desconhecidos, pois cruzam DNA de bancos de dados pelo mundo todo.
Hoje, é possível pedir o kit pela internet, receber o material em casa e, em poucas semanas, ter um mapa completo das origens da sua família. A experiência é simples, indolor e tem encantado pessoas de todas as idades, especialmente quem sempre quis entender mais sobre o próprio passado.
Para entender melhor como funcionam esses testes, conversamos com Elisa França, médica geneticista pela USP e doutoranda em bioinformática no Hospital Sírio-Libanês. Acompanhe!
Como os testes leem seu DNA?
Segundo a especialista, o DNA humano está concentrado principalmente no núcleo das células, organizado em 22 pares de cromossomos, além dos cromossomos sexuais (XX nas mulheres e XY nos homens). Fora do núcleo, temos o DNA mitocondrial, que fica nas mitocôndrias, pequenas “fábricas de energia” da célula.
“É a partir dessas partes que os testes conseguem mapear sua ancestralidade. O DNA mitocondrial indica a linhagem materna, o cromossomo Y nos homens mostra a linhagem paterna, e os autossomos oferecem uma visão geral das origens”, explica Elisa.
Esses testes não leem todas as bilhões de letrinhas do DNA, pois isso seria muito caro. Em vez disso, eles analisam pontos estratégicos que carregam informações suficientes para sugerir de quais regiões do mundo veio seu DNA. Esse método, chamado genotipagem, permite saber se suas raízes são europeias, africanas, asiáticas ou de outros lugares.

O que você pode descobrir
Os resultados podem revelar porcentagens de diferentes etnias, regiões de origem e até conexões familiares desconhecidas. Muita gente se surpreende ao descobrir que tem ascendência em regiões completamente fora do radar ou ao encontrar parentes distantes pelo sistema das plataformas.
Mas vale lembrar que existem algumas limitações. “Os resultados de ancestralidade são confiáveis, mas temos mais informações sobre o DNA de populações da América do Norte e da Europa do que de outros continentes, como África e América do Sul. Então, em algumas regiões, a precisão é menor”, explica Elisa.
Apesar de algumas empresas oferecerem relatórios sobre saúde ou traços de comportamento, esses testes não substituem acompanhamento médico e não têm validade clínica para prever doenças. Ou seja, o foco principal é mesmo conhecer suas raízes e entender o mosaico genético que faz cada pessoa ser única.
Segurança e cuidados antes de fazer o teste
Elisa orienta que, antes de comprar o kit, é importante conferir como a empresa protege os dados genéticos. “A maioria das empresas anonimiza as informações, mas é sempre bom verificar as normas de proteção de dados”, alerta.
Outros cuidados incluem:
- Entender que o teste de genotipagem é confiável para ancestralidade, mas limitado para doenças;
- Estar preparada para surpresas: pessoas adotadas ou com história familiar desconhecida podem descobrir fatos inesperados;
- Conferir se a empresa possui um banco de dados representativo, incluindo a população do Brasil, para maior precisão.
Marcas mais vendidas no Brasil
Ficou curiosa? Atualmente, duas marcas se destacam no país:
Sommos
- Preço: a partir de R$ 339,00
- O que mostra: raiz étnica e geográfica
- Tempo para resultado: cerca de 30 dias
Genera
- Preço: aproximadamente R$ 279,30
- O que mostra: ancestralidade e parentes biológicos
- Tempo para resultado: em torno de 20 dias
Esses testes vendidos no Brasil têm ganhado espaço justamente por aliarem preço mais acessível e resultados detalhados, além de oferecerem relatórios em português e suporte local, o que facilita a experiência de quem está começando.
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A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (17 de outubro). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.







