Ter um dinheiro guardado para emergências ainda é um desafio para boa parte dos brasileiros. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em novembro, 43% das pessoas não têm nenhuma reserva financeira para lidar com imprevistos. O dado chama atenção porque, ao mesmo tempo, 59% dos entrevistados afirmam ser “razoavelmente, muito ou extremamente planejados” nas finanças pessoais, o que revela uma contradição entre o discurso e a prática.
O que a pesquisa mostra sobre o comportamento financeiro?
O levantamento ouviu 2 mil pessoas com mais de 18 anos, de diferentes regiões e classes sociais, e revelou que 84% enfrentaram algum tipo de emergência financeira no último ano, como atraso no pagamento de contas, necessidade de empréstimos ou uso de crédito.
Além disso, 39% gastaram mais do que receberam, e 52% disseram não saber exatamente quanto gastam por mês, mesmo acreditando ter uma boa noção das despesas. A insatisfação com a situação financeira também é alta: 46% declararam-se insatisfeitos, enquanto apenas 16% estão satisfeitos.
Para a CEO da Planejar, Ana Leoni, os resultados mostram que muitos brasileiros controlam os gastos do mês, mas não planejam o médio prazo. “A pesquisa revela que existem entrevistados com dificuldade para honrar seus compromissos dali a três ou seis meses por não terem reservas”, explica em entrevista à Folha de S. Paulo
Por que a poupança de emergência é indispensável?
A reserva de emergência é um valor guardado exclusivamente para situações inesperadas, como perda de emprego, conserto do carro, despesas médicas ou qualquer gasto fora do orçamento. A ausência dessa reserva faz com que muitos acabam recorrendo ao crédito e se endividem ainda mais.
De forma prática, o ideal é guardar o suficiente para cobrir de três a seis meses de despesas essenciais, como aluguel, alimentação e contas básicas. Quem trabalha de forma autônoma ou depende de comissões pode considerar um prazo ainda maior.
Ana Leoni compara o planejamento financeiro à prevenção médica. “Em um caso de saúde, o paciente acha que está bem, mas os exames mostram problemas. Com o dinheiro é igual – a percepção pode ser de que está tudo certo, mas há riscos escondidos”, afirma.

Como começar, mesmo com pouco dinheiro?
Criar uma reserva não exige grandes valores de início. O primeiro passo é entender o quanto entra e o quanto sai todos os meses. Em seguida, definir um valor possível para poupar, mesmo que sejam R$ 20 ou R$ 50 por semana.
O importante é que a contribuição seja constante. Guardar pequenas quantias com frequência cria o hábito de economizar e, aos poucos, o montante começa a crescer. Outra dica é escolher aplicações seguras e com liquidez diária, como o Tesouro Selic, CDBs com resgate imediato ou a poupança tradicional, de modo que o dinheiro esteja disponível quando necessário.
Mudança de mentalidade
A pesquisa também mostrou que 57% dos brasileiros não contam com ajuda profissional para organizar as finanças, e apenas 2% já contrataram um planejador financeiro. Mesmo assim, quase metade dos entrevistados demonstrou interesse em buscar orientação.
Esse dado sugere que o primeiro passo para sair do aperto é transformar o planejamento em ação. Mesmo com renda limitada, é possível criar uma rede de segurança financeira – e a consistência vale mais do que o valor inicial.
Resumo:
A pesquisa Datafolha revelou que 43% dos brasileiros não têm dinheiro guardado para emergências, apesar de se considerarem planejados. Criar uma poupança de emergência, ainda que com pequenos valores, é essencial para evitar dívidas e garantir segurança diante de imprevistos.
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