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Na edição 1493, a matéria referente à chamada de capa “Anticoncepcionais sem mitos” não foi publicada devido a um erro de edição. Mas agora você confere o conteúdo completo, sem cortes!
O surgimento dos anticoncepcionais, há mais de 60 anos, representou uma verdadeira revolução na vida das mulheres. Além de permitir o planejamento familiar, esses métodos deram autonomia e liberdade para decidir quando engravidar, contribuindo para a saúde reprodutiva e para escolhas pessoais. Hoje, a oferta de opções hormonais e não hormonais torna o cuidado com a contracepção mais acessível e adaptável a diferentes perfis.
Os anticoncepcionais têm como função principal prevenir a gravidez, podem regular ciclos menstruais, reduzir cólicas e tratar distúrbios hormonais. Entre os métodos mais comuns estão a pílula combinada (estrogênio e progestagênio), a pílula só de progestagênio, os injetáveis, implantes, DIU hormonal e DIU de cobre, além de barreiras como preservativos e diafragmas.
Apesar da ampla utilização, muitas crenças equivocadas ainda circulam por aí, o que pode gerar medo e desinformação. Pensando nisso, conversamos com especialistas para separar, de uma vez por todas, o fato do mito. Vamos lá?
Toda mulher que usa anticoncepcional tem risco de trombose?
Não é verdade! “O risco real de trombose em mulheres jovens e saudáveis é muito baixo: de 5 a 9 casos a cada 10.000 usuárias de métodos combinados”, explica Maria Rita Bortoloto, especialista do Comitê de Ginecologia e Obstetrícia da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). Para efeito de comparação, a gravidez aumenta o risco para 10 a 20 casos em 10.000 mulheres.
O risco de trombose aumenta em casos específicos, como mulheres acima de 35 anos, tabagistas, obesas, sedentárias, com alterações metabólicas ou histórico familiar de trombose. Métodos que não contêm estrogênio, como pílulas só de progestagênio, implantes e DIUs hormonais, apresentam risco praticamente desprezível.
Dica das especialistas: antes de iniciar qualquer anticoncepcional, consulte um médico para avaliar fatores individuais de risco e escolher a opção mais segura.
Anticoncepcionais engordam?
A crença de que “a pílula engorda” é antiga, mas os estudos mostram que a maioria das mulheres não ganha peso significativo. “Algumas podem reter líquido nos primeiros meses, mas isso tende a desaparecer”, explica Paula Fettback, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana pela FEBRASGO.
Quanto à libido, o efeito varia muito: algumas mulheres percebem diminuição, outras não sentem diferença, e algumas relatam até melhora na vida sexual, pois se sentem mais seguras e livres do risco de gravidez indesejada. Graziela Canheo, também ginecologista, reforça que fatores como idade, tipo de hormônio e sensibilidade individual influenciam na resposta da libido.
O que fazer: caso note desconforto, converse com seu ginecologista – ajustar o tipo de hormônio ou método contraceptivo pode resolver.
A pílula causa infertilidade?
O uso de anticoncepcional não causa infertilidade. Enquanto utilizado, ele apenas “pausa” temporariamente a ovulação, e a fertilidade retorna normalmente após a interrupção do método, geralmente em semanas ou poucos meses. “Não há nenhum impacto negativo ou positivo na fertilidade com o uso dos métodos hormonais”, reforça Graziela.
Também não há necessidade de “pausas” para limpar o útero ou descansar, como algumas crenças populares sugerem. Pelo contrário, interromper sem orientação aumenta o risco de gravidez indesejada.
Menstruar é uma limpeza do organismo?
Outro mito frequente é achar que a menstruação “limpa” o corpo. Na realidade, o ciclo menstrual é um processo natural de renovação endometrial, sem função detox. Os anticoncepcionais hormonais, que podem reduzir ou eliminar sangramentos, não prejudicam o organismo – pelo contrário, ajudam no controle de cólicas e na prevenção de anemia.

Anticoncepcionais alteram o humor ou causam depressão?
O impacto dos hormônios no humor é variável. Para a maioria, não há alterações significativas. Entretanto, algumas mulheres mais sensíveis à progesterona podem apresentar irritabilidade, tristeza ou queda de energia. Estudos indicam que os sintomas depressivos ligados a anticoncepcionais são raros e geralmente acontecem em pessoas predispostas.
Se houver alterações de humor importantes, um ajuste no tipo de hormônio ou método contraceptivo pode ajudar.
O segredo: informação confiável, acompanhamento médico e escolhas conscientes – assim, cada mulher pode usar anticoncepcionais com segurança, protegendo sua saúde e bem-estar, sem sustos ou receios desnecessários.
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