Fazer o salário durar até o fim do mês é um desafio para a maioria dos brasileiros. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 54% dos trabalhadores não conseguem manter o orçamento equilibrado até o último dia do calendário. O problema não está apenas no valor que entra na conta, mas em quanto dele já sai comprometido com dívidas.
Dados do Banco Central mostram que, em média, 10% da renda familiar vai diretamente para o pagamento de juros. “Em bom português: essa fatia não compra nada, só paga o passado”, afirma a mentora financeira Adriana Melo.
Fazer dívidas está mais caro
O Brasil tem, hoje, uma das maiores taxas de juros reais do mundo, o que torna o acesso ao crédito restrito e extremamente caro. E 78% das famílias estão endividadas, de acordo com a CNC..
Em 2025, a taxa média do rotativo do cartão ultrapassa 400% ao ano. Isso significa que uma dívida de R$ 100 pode virar mais de R$ 500 em apenas 12 meses. “O salário entra, mas já nasce comprometido. O resultado é viver em função da dívida, sem espaço para emergências ou projetos de vida”, explica Adriana.
A fatura que não é só financeira
O endividamento também cobra caro em termos emocionais. A convivência com juros altíssimos gera ansiedade, noites mal dormidas e discussões familiares. Em casos extremos, a pressão financeira é apontada como um dos gatilhos de separações e até situações de violência doméstica.

Segundo Adriana, o problema vai além da planilha: “Quando a pessoa só apaga incêndios, perde a chance de construir futuro. E isso afeta não apenas a saúde financeira, mas a saúde mental e os relacionamentos”, diz.
Dívida boa e dívida ruim
A falta de educação financeira contribui para o círculo vicioso. A maioria dos brasileiros nunca aprendeu a diferenciar uma dívida “boa” – usada para investir ou gerar renda – de uma dívida “ruim”, feita para o consumo imediato. Sem esse discernimento, o salário se transforma em combustível de curto prazo, mas não em construção de patrimônio.
A pressão das vitrines digitais
A lógica das redes sociais e do marketing de influência criou um manual de pertencimento: usar a marca da moda, viajar para o destino certo, postar a foto do prato ideal. Para muitos jovens, recusar esse padrão significa sentir-se excluído. “É difícil resistir quando a moeda de troca é a aceitação social. Mas esse pertencimento tem juros mais altos que qualquer cartão de crédito”, ressalta Adriana.
Como romper o ciclo
Sair da roda-viva das dívidas exige mais do que calculadora na mão. É preciso buscar renegociações possíveis, crédito menos abusivo e, sobretudo, educação financeira desde cedo. Para Adriana, controlar o orçamento não é apenas pagar contas. É garantir autonomia, preservar a saúde mental e abrir espaço para escolhas melhores no futuro.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1489, de 3 de outubro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.








