Descobrir que se tem uma doença crônica pode ser um momento desafiador na vida de qualquer pessoa. O lúpus, uma doença autoimune, é uma dessas condições que, quando diagnosticada, pode gerar muitas perguntas e preocupações. Celebridades como Lady Gaga e Astrid Fontenelle, que enfrentam a doença, a colocam em evidência, pois, apesar do lúpus ser relativamente comum, muitas vezes permanece pouco compreendido pelo público em geral.
Então, para entender melhor o que é lúpus, quais são seus sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento, AnaMaria entrevistou a reumatologista Heloisa Loebmann, médica do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES). A seguir, a especialista tira as principais dúvidas acerca da doença.
O QUE É LÚPUS E COMO A DOENÇA AFETA O CORPO?
Lúpus é uma doença autoimune, ou seja, uma doença na qual o próprio sistema de defesa da pessoa reconhece ela como estranha e agride o próprio corpo. Heloisa destaca que ele atinge mais mulheres em idade fértil, mas ressalta que também pode acometer homens e mulheres de outras faixas etárias mais raramente.
Ao atacar tecidos saudáveis, a doença causa inflamação e danos, o que pode afetar várias partes do corpo, como pele, articulações, rins, coração, pulmões e cérebro. As manifestações do lúpus variam de pessoa para pessoa, mas podem incluir lesões cutâneas, inflamação nas articulações, problemas renais, cardíacos e neurológicos.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS COMUNS DO LÚPUS?
De acordo com a reumatologista, os sintomas do lúpus são bastante diversos. “Os pacientes podem apresentar lesões que pioram com exposição solar, até lesões em mucosas como boca, nariz e ouvidos. Pode também causar inflamação nas articulações e mais raramente inflamação nos rins, pulmões, coração e até no cérebro e nos nervos periféricos”, explica.
Ainda segundo Heloisa, o lúpus é uma doença com várias manifestações diferentes e, assim, cada paciente apresentará um tipo de sintoma.
COMO O DIAGNÓSTICO DE LÚPUS É REALIZADO?
O diagnóstico de lúpus é feito com base nos sintomas relatados pelo paciente, resultados de exames clínicos e laboratoriais, e avaliação do histórico médico. Não existe um único teste para diagnosticar o lúpus, mas os médicos geralmente consideram uma combinação de fatores, como sintomas físicos, resultados de exames de sangue (como teste de FAN – Fator Antinuclear) e exames de imagem, para chegar a um diagnóstico preciso.
QUAIS SÃO AS FORMAS DE TRATAMENTO PARA O LÚPUS?
O tratamento será de acordo com a manifestação principal da doença no paciente, passando de medicações tópicas para quadros mais leves, até medicações por via oral ou endovenosa no caso de manifestações mais graves. “A medicação infusional geralmente é usada para pacientes com manifestações mais graves e pode ter frequência semanal, mensal ou até semestral”, informa Heloisa.
LÚPUS TEM CURA?
Lúpus não tem cura, mas o tratamento permite controlar a doença de modo que interrompa sua progressão, o que chamamos de remissão.
LÚPUS É TRANSMISSÍVEL?
O lúpus não é transmissível. “Existem vários mitos comuns associados à doença, principalmente ao seu diagnóstico equivocado, feito apenas pela solicitação de um exame chamado FAN, que na realidade é apenas um dos 18 a serem solicitados quando existe a suspeita de lúpus. Existem mitos também relacionados à impossibilidade de gestação nas mulheres, que também não é verdade”, esclarece Heloisa.
PRINCIPAIS DESAFIOS ENFRENTADOS POR QUEM TEM LÚPUS
Pessoas com Lúpus têm desafios relacionados às suas atividades diárias, como locomoção, a restrição de exposição ao sol e efeitos colaterais relacionados aos tratamentos, como desconforto gastrointestinal e risco aumentado para infecções.
“Assim, atividades de lazer ou laborativas associadas à exposição ao sol e ambientes fechados com muitas pessoas ou extremos de temperatura podem causar risco de ativação da doença ou necessidade de alteração do tratamento”, destaca a reumatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES).
EXISTEM FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE LÚPUS?
De acordo com Heloisa, o sexo feminino apresenta um risco maior de desenvolvimento da doença, assim como o histórico familiar do lúpus. No entanto, a médica explica que a presença de algum familiar com a doença não significa, obrigatoriamente, que a pessoa desenvolverá a mesma.
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