“Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro”, diz Pedro Bial, na interpretação de Filtro Solar. Além de uma relação de laços intensos, a convivência entre irmãos é um verdadeiro laboratório emocional. Crescer ao lado de um irmão é uma mistura de risadas, segredos, ciúmes e pequenas disputas do dia a dia.
Mas essa convivência, às vezes desafiadora, têm um papel muito maior do que imaginamos: é fundamental para o desenvolvimento das crianças e ajuda a construir habilidades sociais que carregam para a vida toda.
“O relacionamento entre irmãos é um dos primeiros contextos em que a criança aprende sobre a vida social. Nesse espaço, ela vivencia experiências de afeto, cooperação, rivalidade, frustração e reconciliação. A partir desse repertório, desenvolve gradualmente maior maturidade emocional”, explica Alisson Guiotto, professor de psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul, em entrevista à AnaMaria.
Atividades que aproximam
Para a professora Evelyn Camponucci Cassillo Rosa, coordenadora do curso de Pedagogia da UNICID, momentos simples do cotidiano são oportunidades de fortalecer esse vínculo precioso. “Cozinhar juntos, organizar o quarto, ler histórias ou brincar em grupo são muito importantes. A cooperação em tarefas familiares aumenta a afetividade e a responsabilidade coletiva”, explica.
Atividades compartilhadas transformam tarefas rotineiras em momentos de conexão. Preparar uma receita em família, em que cada um contribui com uma etapa, ou montar um quebra-cabeça juntos são exemplos de como a colaboração gera satisfação e sentimento de pertencimento.
Evitando comparações e competição
Evelyn reforça que incentivar a cooperação sem criar rivalidade é essencial. “Em vez de perguntar ‘quem arrumou mais rápido?’, os pais podem dizer: ‘juntos, vocês conseguiram deixar a sala organizada’”, sugere.
A valorização do esforço e do trabalho em equipe ensina que o processo é tão importante quanto o resultado, e o relacionamento entre irmãos deve ser baseado na colaboração, não na disputa.

Lidando com ciúmes e disputas
Ciúmes e brigas são naturais e podem ser oportunidades de aprendizado socioemocional. Evelyn sugere acolher os sentimentos e propor soluções conjuntas. “Se brigaram por um brinquedo, em vez de apenas tirar o objeto, pergunte: ‘como vocês acham que podemos usar esse brinquedo de um jeito que os dois fiquem felizes?’”, orienta.
Alisson reforça que a mediação equilibrada evita favoritismos e ressentimentos. Ouvir todos os lados e valorizar a construção conjunta da solução oferece repertórios para lidar com frustrações de forma saudável, tanto no ambiente familiar quanto em outras situações da vida.
Estratégias para resolver conflitos de forma saudável
- Acordos visuais ou combinados escritos: tabelas na geladeira podem indicar quem faz cada tarefa ou definir a programação de TV, ajudando a prevenir discussões.
- Reservar momentos de conversa: alguns minutos no fim de semana para discutir o que foi bom e o que gerou brigas permitem que cada criança exponha sentimentos e pratique escuta ativa.
- Ensinar responsabilidade compartilhada: com atividades compartilhadas, os irmãos aprendem a esperar sua vez, respeitar regras e confiar nos acordos pré-estabelecidos.
- Praticar escuta e empatia: ao expor seus sentimentos e ouvir o outro, cada criança desenvolve habilidades emocionais duradouras, que vão além do convívio familiar.
Quando buscar ajuda profissional
Conflitos leves são normais, mas Alisson alerta: discussões que ultrapassam o respeito, envolvem ofensas verbais ou agressões físicas devem ser acompanhadas por um psicólogo. “A ajuda profissional é fundamental para compreender a dinâmica familiar, mediar os conflitos e promover relações mais saudáveis entre os irmãos”, afirma.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1486, de 19 de setembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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