O Dia das Crianças vai além da troca de presentes. A data é um convite para refletir sobre o verdadeiro significado da infância e a importância do brincar livre, especialmente em uma era dominada por telas. Segundo especialistas, brincar é mais do que diversão: é desenvolvimento, vínculo e aprendizado.
“Mais que diversão, brincar é essencial para o desenvolvimento de uma criança mais resiliente e bem-sucedida, tanto na execução de tarefas quanto no convívio social. As brincadeiras de outrora são um elo que vale a pena reviver! Entre as heranças mais amadas estão as cantigas de roda, a amarelinha, as milhares de brincadeiras com bola como queimada e caçador e até mesmo o encanto de uma pipa no ar ou de uma mola colorida. São jogos universais que conectam gerações, fortalecem vínculos familiares e constroem autoestima de forma sólida”, diz o pediatra Paulo Telles, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Brinquedos como instrumentos de aprendizagem
Além de promover diversão, o pediatra destaca que os brinquedos também são instrumentos de aprendizado. “Eles ajudam a explorar o mundo, educar, interpretar situações e expressar sentimentos. Ao contrário do que muitos pensam, não são apenas objetos de distração, mas podem ser ferramentas fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional”, explica.
A pedagoga Mariana Ruske, fundadora da Senses Montessori School, explica que o brincar é parte central da aprendizagem e se manifesta em diferentes formas. “No método Montessori, temos três tipos principais de brincar: o livre, em que a criança explora espontaneamente; o estruturado, com regras simples; e o trabalho, que é a dedicação prazerosa em atividades escolhidas por ela, como cuidar de uma planta ou organizar objetos. Essas experiências ajudam a fortalecer a criatividade, a concentração e a autonomia, sempre de maneira natural e respeitando o tempo da criança”, diz Mariana.
Reduzir tempo de telas não atrasa o desenvolvimento infantil
A pedagoga também destaca que reduzir o tempo de telas não é um retrocesso. “Muitos pais têm medo de que, ao limitar as telas, seus filhos fiquem ‘para trás’. É o oposto: ao estimular a imaginação, a autonomia e a concentração, estamos entregando a eles ferramentas que nenhuma tecnologia substitui”, conta.
Outro ponto essencial é a presença dos adultos durante as brincadeiras. “Não é o brinquedo em si que marca a infância, mas a experiência compartilhada. Uma bola pode ser apenas um objeto, mas quando um pai ou uma mãe está ao lado para jogar, ensinar e rir junto, esse momento se transforma em memória afetiva e em aprendizado para a vida”, afirma Mariana.
Brincar, um direito da infância
Brincar, segundo os especialistas, deve ser visto como um direito da infância. É por meio dessa atividade que a criança organiza emoções, aprende a lidar com frustrações e compreende o mundo à sua volta. “Quando pais e educadores oferecem tempo e espaço para isso, estão promovendo saúde mental, equilíbrio e autonomia”, reforça a pedagoga.
Embora as novas gerações convivam com a tecnologia desde cedo, o equilíbrio é fundamental. “Estar disponível é a principal forma de envolver a criança em uma atividade desejada. Como não há nada mais natural do que uma criança querer brincar, não será difícil conquistar sua atenção quando o tutor se coloca ao lado dela”, explica Paulo.
Uma dica prática é resgatar histórias da própria infância. Contar como eram as brincadeiras, mostrar fotos antigas e relembrar jogos simples desperta a curiosidade e o interesse das crianças. “Essas vivências carregam algo que nenhum brinquedo eletrônico pode oferecer: a liberdade da imaginação e a construção de memórias afetivas”, finaliza o pediatra.
Resumo:
O pediatra Paulo Telles e a pedagoga Mariana Ruske reforçam que brincar é essencial para o desenvolvimento infantil. Ao contrário do que muitos pensam, limitar o tempo de telas não atrasa o aprendizado, mas fortalece vínculos, estimula a imaginação e constrói memórias afetivas.
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