Hoje, não é raro ver crianças grudadas em celulares, tablets ou videogames. Mas será que sabemos o que isso pode causar no desenvolvimento delas? Pesquisas mostram que a exposição prolongada às telas pode interferir na atenção, no controle emocional e na tomada de decisões.
“Esses efeitos são comparáveis aos causados por drogas em indivíduos dependentes”, afirma Ana Claudia Favano, especialista em Psicologia Positiva e gestora da Escola Internacional de Alphaville. Por isso, a dependência digital deve ser observada de perto pelos pais, antes que se torne um problema difícil de reverter.
Como perceber a nomofobia nos pequenos
Você já percebeu seu filho ansioso quando o celular não está por perto? Esse comportamento tem nome: nomofobia. Crianças com esse padrão podem perder a noção do tempo e até negligenciar cuidados básicos, como alimentação e higiene.
“Muitas vezes, a criança prefere o mundo digital ao contato social presencial, e é sinal de que limites precisam ser estabelecidos”, afirma Ana Claudia.
Estratégias simples para reduzir a dependência digital
Nem sempre é fácil colocar limites, especialmente quando tarefas escolares exigem o uso da internet. Mas é possível agir com firmeza e carinho. “Retire os aparelhos do alcance da criança sempre que perceber que o controle está perdido, ao menos até haver supervisão adulta”, recomenda Ana Claudia Favano.
A resistência é natural: birras e choros podem acontecer. “Esses são sinais de que a mudança está acontecendo de forma adequada”, afirma a especialista. O importante é manter coerência e não ceder às provocações.
Atividades em família ajudam a reduzir a dependência digital
Uma ótima estratégia é substituir o tempo de telas por momentos juntos. Passeios, jogos de tabuleiro, conversas e exercícios físicos ajudam a resgatar o prazer da convivência e promovem bem-estar.
“O corpo libera endorfina durante exercícios, o que ajuda a compensar a falta de dopamina gerada pelo uso de aparelhos digitais”, explica a especialista. Além disso, essas atividades fortalecem os vínculos familiares e ensinam as crianças a se divertir offline, de forma saudável.
Cada criança é única: personalize as estratégias
Não existe receita pronta para lidar com a hiperconexão. Cada criança tem seu ritmo, e cada família precisa encontrar o que funciona dentro da sua rotina.
“Com tempo limitado e atenção direcionada, conseguimos acalmar a ansiedade e reduzir a compulsão por conexão, respeitando a individualidade de cada criança”, afirma a psicóloga. Com paciência e consistência, é possível ensinar hábitos digitais saudáveis sem gerar culpa ou conflitos desnecessários.
Resumo: O excesso de telas pode gerar dependência digital e afetar o desenvolvimento infantil. Estabelecer limites, supervisionar o uso de dispositivos e investir em momentos em família ajuda a equilibrar a rotina e resgatar o bem-estar das crianças.
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