Carismático, versátil e dono de um talento cativante, Guilherme Uzeda conquistou o público com a personagem “Tia” no programa Mulheres, da TV Gazeta. Prestes a completar 10 anos no ar, o ator relembra sua trajetória, os desafios de conciliar humor e psicologia, e compartilha planos para o futuro.
Você cresceu cercado de referências importantes, como Guarnieri e Eliane Giardini, e acabou se encantando pelo universo artístico ainda na infância. Como esse contato precoce com o meio influenciou na sua escolha pela carreira de ator?
Guilherme Uzeda: Influenciou totalmente. Eu perdi meu pai muito cedo, com apenas 10 anos, e como minha mãe precisava trabalhar, eu ia com minha irmã, Ciça Manzano, que era atriz, às gravações das novelas na Rede Bandeirantes. Aquele universo me encantou. Ali pude ver em cena Cleide Yáconis, Flávio Guarnieri, Eliane Giardini, Arutin, Elisabeth Gasper… Lembro até da Cleide dizendo para minha irmã: “Ciça, não deixe o menino pegar gosto por isso.” (risos).
A personagem “Tia”, que hoje é um sucesso no Mulheres, nasceu no projeto Terça Insana. Como foi esse processo criativo e o que fez você perceber que ela tinha potencial para ganhar vida própria?
Guilherme: A Tia nasceu numa viagem de van com o elenco do Terça Insana. O motorista freou, e eu, de repente, fiz a voz dela — e assim surgiu. Depois de um tempo, a Grace Gianoukas, que também era diretora do projeto, me deixou levá-la para o palco. Foi o início de tudo.
E o “Sobrinho”, que se tornou uma extensão divertida da Tia no programa?
Guilherme: O Sobrinho sempre era citado por todos nós no elenco. Em conversa com a diretora Rosyres Opido, surgiu a ideia de trazê-lo a cada 15 dias para comentar fofocas internacionais. Como psicólogo, consigo trazer uma outra perspectiva ao personagem, mas sem perder o DNA do humor.
Além do humor, você também é formado em Psicologia e tem especialização em Psicodrama. Como essa formação influencia na construção dos seus personagens?
Guilherme: A Psicologia foi uma herança dos meus pais: meu pai era psiquiatra e minha mãe psicóloga. Atuei no consultório por um tempo, mas optei pelo teatro. Essa formação ajuda muito, mas o que me inspira de verdade é observar as pessoas no dia a dia. Somos todos personagens desse mundo louco.
Você já transitou por teatro infantil, adulto, humor, publicidade e televisão. Qual foi o maior desafio?
Guilherme: Apesar de já ter vivido muitos desafios, acho que o maior é fazer o Sobrinho no Mulheres. Como faço a Tia há 10 anos, é complicado “tirar a máscara” e ser eu mesmo no mesmo ambiente em que o público já espera uma personagem.
Você já esteve tanto em espetáculos solo quanto em grupo. Quais as maiores diferenças entre estar sozinho e dividir o palco com outros comediantes?
Guilherme: Fazer um solo é delicioso porque é seu, você cria do seu jeito. Mas dividir o palco também é maravilhoso: exige generosidade, saber o seu momento e respeitar o momento do outro. É uma troca que só enriquece.
A Tia se tornou um ícone de carinho e irreverência nas tardes da Gazeta. Qual o segredo dessa conexão tão forte com o público?
Guilherme: A simplicidade dela. Quando pensei no nome, quis apenas “Tia”, porque é um arquétipo: pode ser a sogra, a avó, a tia da cantina ou até aquela que você xinga no trânsito: “Sai da frente, tia!” (risos). O público se identifica e, ao mesmo tempo, reencontra um humor ingênuo que estava esquecido na TV.
Olhando para sua trajetória, quais sonhos ainda movem você e o que podemos esperar dos próximos projetos?
Guilherme: Meu maior sonho é fazer uma novela na Globo, acho que é o sonho de quase todo ator. Em relação aos projetos, sigo viajando pelo Brasil com o espetáculo O futuro da humanidade, do Augusto Cury, dirigido por Rogério Fabiano. Também recebi um convite para uma comédia com Luciano Szafir e Carina Barum, mas ainda é embrionário. Na TV, continuo no Mulheres e já converso com o diretor artístico Lucas Gentil sobre novidades que podem surgir. Aguardem, vem coisa boa aí!