Neste Dia Internacional da Síndrome de Down — 21 de março de 2024, AnaMaria mergulhou na história de Gisele Souza, mais conhecida como Gisa, apresentadora do talk show ‘Entra na Roda e Gisa’, e de sua irmã com síndrome de Down, Raíssa, com quem ela dividiu os “holofotes” em seu canal no YouTube.
Em entrevista à AnaMaria, Gisa compartilha como foi apresentar o programa ao lado da irmã e também conta como é conviver com alguém que tem síndrome de Down, destacando suas experiências cercadas de amor e diversidade e reforçando a importância da inclusão. Confira tudo a seguir!
UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA
Dividir o palco com Raíssa sempre foi um sonho para Gisa, então, quando surgiu a oportunidade, ela não hesitou em convidar a irmã para coapresentar seu talk show durante um mês.
“A Raíssa me inspira muito, é uma comunicadora nata. Ela tem improviso, é rápida, tem uma ótima dicção e confiança. Acho muito lindo isso nela. Não tive medo em momento algum dela não entregar. Aprendi fazendo, e ela também. Ela arrasou como sempre e não vejo a hora da próxima oportunidade chegar.”
E parece que o talento vem de berço: “Quando pequena, ela ficava me imitando fazendo locução, e olha que curioso, muitas pessoas da minha cidade falam que a Raíssa é a minha cópia. Inclusive dizem que a forma que ela se comunica é muito parecida com a minha, e nas redes sociais também. Ela fala sempre: ‘Irmã, nós somos um sucesso juntas’, e eu não tenho dúvidas disso”, compartilha Gisa.
A irmã babona, orgulhosa da trajetória de Raíssa, rasga mais elogios: “Ela tem improviso, é rápida, tem uma ótima dicção e confiança”. Gisa deixa claro que o intuito de levar a irmã para a comunicação não tem a ver com querer incluí-la a qualquer custo. “Eu faço porque ela tem talento de sobra e se eu posso proporcionar uma oportunidade pra ela se experimentar como apresentadora eu vou fazer!”, declara a comunicadora.
Essa narrativa mostra como a síndrome de Down não é um obstáculo para o talento e a capacidade de alguém. Raíssa é um exemplo vivo de como pessoas com síndrome de Down têm habilidades, paixões e sonhos como qualquer outra pessoa.
CONVIVENDO COM O AMOR E A DIVERSIDADE
Para Gisa, conviver com Raíssa trouxe uma nova perspectiva de amor e gratidão. “Às vezes as pessoas pensam que ter alguém com alguma limitação em casa dá trabalho, mas não têm ideia do quanto ela faz por nós o tempo todo!“, reflete. Ela destaca a pureza e os ensinamentos diários que Raíssa traz para suas vidas:
“O verdadeiro significado do amor puro. Pode parecer clichê, mas não só eu, como todos em casa encontramos amor nos olhinhos dela, no abraço dela, na pureza dela e nos ensinamentos diários que ela com a sua simples existência nos traz. Agradeço muito ter uma irmã que me inspira tanto e da forma mais linda. Ela vê amor em tudo!”, compartilha Gisa.
Quanto aos desafios enfrentados, Gisa é franca e expõe que Raíssa passa por dificuldades como o bullying e a falta de compreensão sobre sua condição. “A batalha é diária da porta pra fora de casa. Hoje ela faz muita terapia pra entender o porquê de não viver muitas coisas que a turma da idade dela vive, como lidar com o bullying, entender o que é síndrome de Down e tantas outras coisas”, explica Gisa.
Apesar das dificuldades e dos desafios, Raíssa conta com o apoio de sua família. “O que a gente mais quer é vê-la feliz, então a gente conversa muito com ela e a trata de igual pra igual. A vida não é fácil pra ninguém, as diferenças existem independentemente de qualquer limitação. Então, o segredo é entender quais são as de cada um e trabalhar em cima delas”, declara a apresentadora.
PROMOVENDO A INCLUSÃO
A reflexão de Gisa nos leva a repensar o ritmo acelerado da vida moderna e como isso pode afetar nossa percepção das pessoas ao nosso redor. “Eu acho que as pessoas têm pressa demais, e essa necessidade de chegar sempre em algum lugar que nem sabemos de fato qual é faz a gente correr muito, e qualquer pessoa que não acompanhe isso é descartada pra não atrapalhar o processo“, pondera ela.
No entanto, Gisa destaca que essas pessoas são como nosso “freio de mão”, nos fazendo parar e refletir sobre o que realmente importa na vida. Ela acredita que cada pessoa, independentemente de suas habilidades ou condições, tem o poder de nos ensinar e nos enriquecer de maneiras que não poderíamos alcançar sozinhos.
Para Gisa, a chave para uma sociedade mais inclusiva reside na calma, na adaptação, na empatia e, acima de tudo, no amor ao próximo: “Precisamos fazer um exercício simples de enxergar o outro“, enfatiza.
Desse ponto de vista, ela nos convida a uma mudança fundamental de perspectiva, um verdadeiro exercício de empatia e compreensão: “Virar a chave e fazer um exercício simples de — em vez de pensarmos: ‘vamos incluir porque eles têm direito’ — temos que pensar: ‘vamos inclui-los para aprendermos algo que só é possível com eles’“, pontua.
Essa mudança de mentalidade é essencial para promover uma inclusão genuína e reconhecer o valor único que cada pessoa traz consigo. Gisa enfatiza que a inclusão não deve ser vista como um favor concedido, mas como uma oportunidade valiosa para aprendizado mútuo: “Todos nós temos algo para ensinar“.
Ela nos lembra que a diversidade não deve ser encarada como uma carga, mas sim como uma fonte de enriquecimento e crescimento para toda a sociedade: “Não pode ser um peso, uma dificuldade só porque não está no ‘padrão’ que determinaram ser o correto“, conclui Gisa, instigando-nos a rejeitar padrões estereotipados e abraçar a beleza da diversidade nas suas mais diferentes formas.
A história das irmãs Gisa e Raíssa nos lembra do poder do amor, da aceitação e da inclusão. Mais do que isso, Raíssa desafia os estereótipos e demonstra que, com oportunidades e apoio adequados, todos podem alcançar grandes realizações. AnaMaria deseja que as palavras de Gisa sirvam de exemplo e continuem inspirando pessoas a construir um mundo onde todos tenham um lugar e sejam valorizados por serem quem são.
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