Hoje, 21 de setembro, é marcado como o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer e esse tema que trouxe pra gente conversar é muito curioso já que um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Munique (Alemanha), publicado em agosto de 2025 na prestigiada revista Nature Communications, trouxe um alerta importante: a perda do olfato pode ser um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer — e isso pode acontecer anos antes dos sintomas clássicos de perda de memória ou declínio cognitivo surgirem.
Segundo os autores deste estudo, células de defesa do cérebro chamadas microglia, que normalmente protegem o sistema nervoso, passam a atacar por engano neurônios do locus coeruleus — uma pequena estrutura do tronco cerebral que mantém conexões essenciais com o bulbo olfativo, responsável por processar os cheiros. Esse “ataque” silencioso resulta na perda precoce da capacidade de perceber odores, marcando um possível início da doença.
“A importância dessa descoberta está em oferecer um marcador clínico sensorial inicial, que pode ajudar a identificar pacientes em risco de Alzheimer com antecedência — e, com isso, possibilitar intervenções mais eficazes”, explica o médico.
Como identificar precocemente as pessoas em risco
- Qualquer alteração na capacidade de sentir cheiros, principalmente sem causa aparente (como gripes, sinusites ou COVID-19), deve ser investigada por um especialista.
- Embora o teste de olfato não confirme o diagnóstico de Alzheimer por si só, ele pode funcionar como um sinal de alerta precoce, complementando exames clínicos e de imagem.
- Quanto mais cedo a doença for identificada, maiores as chances de adotar estratégias de prevenção e retardar sua progressão.
Para as mulheres, que frequentemente assumem o papel de cuidadoras da saúde da família, esse achado reforça a importância de prestar atenção também aos pequenos sinais sensoriais. Observar mudanças no olfato, tanto próprias quanto de parentes idosos, pode ser um passo crucial para proteger a saúde cerebral a longo prazo.
Em um mundo onde a expectativa de vida aumenta, detectar o Alzheimer antes que ele se manifeste plenamente pode significar mais qualidade de vida e autonomia por muitos anos — e, quem diria, o nosso nariz pode ser um grande aliado nessa missão.
Dr. Bruno Borges de Carvalho Barros
Médico otorrinolaringologista pela UNIFESP
Médico do corpo clínico do hospital Albert Einstein
Especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial.
Mestre e fellow pela Universidade Federal de São Paulo.
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