Dormir com o cachorro, dividir a cama com o gato ou simplesmente ter animais em casa ainda gera muitas dúvidas em quem convive com rinite. De acordo com a otorrinolaringologista Roberta Pilla, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), não é correto afirmar que os bichinhos causam a doença.
“A rinite alérgica e a asma são as alergias respiratórias mais comuns, e muita gente acredita que ter um pet em casa agrava ou até provoca essas crises. Mas isso não é uma regra, e o animal nem sempre é o verdadeiro vilão”, explica.
O que realmente provoca a reação
Segundo a médica, o problema não está necessariamente no pelo do animal. “O que causa a alergia são partículas presentes na saliva, urina, secreções e na pele descamada do animal, chamada de caspa animal. O pelo funciona mais como um ‘meio de transporte’, espalhando essas partículas pelo ambiente”, afirma.
Isso significa que até mesmo animais de pelo curto ou sem pelo podem desencadear sintomas como nariz entupido, coceira, espirros e tosse. Ainda assim, não é uma regra que toda pessoa com predisposição genética à rinite desenvolva sintomas. “Há pessoas com predisposição genética à alergia que convivem bem com cães ou gatos durante toda a vida”, destaca Roberta.
Quando o problema está no ambiente
Outro ponto importante é que muitas crises são erroneamente atribuídas aos pets. “A associação com o animal é imediata, mas nem sempre é justa. O ambiente como um todo precisa ser avaliado”, ressalta.
Poeira acumulada em sofás, tapetes, cortinas ou mofo nas paredes, por exemplo, pode ser o verdadeiro gatilho.
Convivência saudável com os bichinhos
Para quem ama os pets e não quer abrir mão da companhia, algumas medidas simples ajudam a reduzir os riscos. “Manter o ambiente ventilado, limpo e com o mínimo possível de acúmulo de poeira já ajuda muito. Também é fundamental evitar que o animal durma no quarto, principalmente na cama, e manter os brinquedos, cobertores e almofadas sempre higienizados”, orienta Roberta.
Em quadros mais graves, o tratamento pode incluir medicamentos, sprays nasais ou até imunoterapia (vacina antialérgica), capaz de dessensibilizar o organismo ao longo do tempo.
Curiosamente, estudos também sugerem que o contato precoce com animais na infância pode ajudar no equilíbrio do sistema imunológico, diminuindo a chance de desenvolver alergias no futuro – embora essa não seja uma regra para todos.
6 dicas práticas para conviver com seu pet sem sofrer com alergias
- Evite que o pet durma no seu quarto ou na sua cama
- Dê banhos regulares e escove o animal com frequência
- Higienize brinquedos, caminhas, cobertores e almofadas do pet
- Use aspirador com filtro HEPA e evite vassouras que levantam poeira
- Mantenha janelas abertas sempre que possível e limpe filtros do ar-condicionado
- Consulte um otorrinolaringologista para diagnóstico e tratamento personalizado
Resumo:
A presença de pets não é, por si só, responsável por crises de rinite. De acordo com a otorrinolaringologista Roberta Pilla, as partículas da caspa animal são os principais gatilhos, mas com cuidados de higiene e acompanhamento médico, é possível conviver com cães e gatos sem abrir mão da saúde respiratória.
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