Hermeto Pascoal, um dos maiores nomes da música brasileira, morreu aos 89 anos, no Rio de Janeiro, no último sábado (13). O artista, conhecido como o “bruxo do jazz”, estava internado no Hospital Samaritano. A causa da morte não foi revelada. A família anunciou a despedida em comunicado nas redes sociais, ressaltando a importância de celebrar sua obra e manter sua música viva.
“No momento de sua passagem, seu grupo estava no palco, como ele gostaria: fazendo som e música”, disse a família em nota.
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Com uma carreira que atravessou décadas, Hermeto conquistou fãs em todo o mundo, transformando instrumentos e sons do cotidiano em melodias que marcaram gerações.
Início humilde e paixão pela música
Nascido em 22 de junho de 1936, no povoado de Olho d’Água, em Lagoa Grande (AL), Hermeto teve contato com a música desde cedo. Aos 14 anos, já se apresentava em festas locais e se aventurava na improvisação — habilidade que se tornaria sua marca registrada.
Com o tempo, ele passou a experimentar diversos gêneros, como jazz, forró, samba e frevo. Essa mistura deu origem ao que chamava de “música universal”. Em entrevista ao g1 em 2023, Hermeto descreveu sua mente como “um planeta em constante movimento”, onde a criação acontecia de forma espontânea e natural.
Legado que inspira gerações na música brasileira
Considerado um dos músicos mais inovadores do país, Hermeto foi compositor, arranjador e multi-instrumentista. Ao longo de sua trajetória, colecionou elogios de nomes consagrados, como Miles Davis e Elis Regina.
Seu trabalho sempre buscou ir além das notas musicais. Para ele, qualquer objeto poderia se transformar em instrumento. Em suas apresentações, era comum ver chaleiras, copos d’água e até uma galinha de borracha fazendo parte do espetáculo. Essa ousadia conquistou plateias no Brasil e no exterior.
Além de seu talento no palco, Hermeto influenciou novas gerações de músicos. Sua forma livre de criar mostrou que a arte não precisa de limites para emocionar e conectar pessoas.
Conquistas recentes e despedida em grande estilo
Mesmo aos 89 anos, Hermeto seguia ativo e criativo. Em 2024, ele lançou o álbum Pra Você, Ilza, uma homenagem à esposa falecida, trabalho que lhe rendeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Jazz Latino/Jazz.
No mesmo ano, foi lançada sua primeira biografia autorizada, Quebra Tudo — A Arte Livre de Hermeto Pascoal, escrita por Vitor Nuzzi. O livro resgata momentos marcantes da vida do artista, revelando histórias por trás de suas criações.
Um dos momentos mais emocionantes de sua carreira recente aconteceu em setembro de 2023, no festival The Town, em São Paulo. Mesmo sob forte chuva, Hermeto encantou o público com um show vibrante, acompanhado de sua banda. A apresentação foi marcada por improvisos e pela transformação de sons simples em experiências musicais únicas.
Um legado imortal na música universal
Hermeto deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos, além de uma obra que permanece viva. Seu estilo único e a forma como tratava a música como algo além de partituras inspiram artistas e ouvintes a enxergar beleza nos sons do dia a dia.
Sua partida marca o fim de uma era, mas seu legado continua a ecoar, reafirmando seu papel como um dos maiores ícones da música brasileira.
Resumo: Hermeto Pascoal, aos 89 anos, encerrou uma trajetória brilhante e inovadora na música. Conhecido como o “bruxo do jazz”, ele transformou sons do cotidiano em arte, conquistou prêmios internacionais e inspirou gerações de músicos no Brasil e no mundo.
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