A chegada de um novo integrante na família é um momento recheado de alegrias – e também de muitas descobertas! Uma das principais é a introdução alimentar. A fase marca o momento de transição entre a amamentação exclusiva para a introdução de outros alimentos para o bebê.
Na verdade, não só para o bebê. Quando o pequeno começa a dar os primeiros passos rumo a uma alimentação mais sólida, papais e mamães se envolvem ainda mais no processo. Afinal, é muito comum que os responsáveis fiquem com dúvidas sobre o período.
Por isso, AnaMaria conversou com a nutricionista Carolina Xavier da Silva, do Centro de Estudos e Pesquisas ‘Dr. João Amorim’ (CEJAM), sobre a introdução alimentar. A especialista esclareceu as principais dúvidas e explicou como criar hábitos saudáveis para o bebê.
Expectativas para Introdução Alimentar para os bebês; dicas de como proceder
QUANDO FAZER A INTRODUÇÃO ALIMENTAR?
A introdução alimentar deve ser iniciada a partir dos seis meses de vida se a criança já tiver todos os sinais de prontidão. A idade marca o início da fase em que as crianças já estão prontas para começar a comer novos alimentos. Antes disso, os bebês devem se alimentar exclusivamente de leite materno.
Segundo a nutricionista, o alimento oferece tudo que o neném precisa para crescer e desenvolver até esta fase. Nem mesmo água é recomendada para os pequenos antes do período. Vale lembrar que o leite materno segue na dieta deles até os dois anos de vida.
Isso significa que, entre os seis meses e os dois anos, a alimentação do bebê deve ser constituída por leite materno e outros alimentos, separados em três refeições ou mais. Estas, devem ser inseridas de forma gradativa: “Importante é que, aos 7 meses, a criança já esteja recebendo 3 refeições completas“.
QUAIS ALIMENTOS OFERECER?
Explicado momento certo de inserir novos alimentos na dieta dos bebês, outra dúvida permanece: como fazer a introdução alimentar de maneira saudável? Carolina também explica! A nova alimentação precisa incluir alimentos diversificados, priorizando opções saudáveis e nutritivas.
Seis grupos de alimentos devem estar presentes nos pratos:
- Tubérculos: como arroz, batata, inhame, mandioca e milho;
- Leguminosas (proteínas vegetais): feijão, lentilha, ervilha, grão de bico e ervilha;
- Proteínas animais (se for escolha da família): carnes magras, frango, ovos e peixes;
- Legumes: todos, como cenoura, chuchu, abobrinha, berinjela;
- Verduras: todas, como acelga, alface, couve e espinafre;
- Frutas: todas, como banana, laranja, maçã, pera, melão, melancia e mamão.
Hoje, não existe mais a necessidade de oferecer alimentos batidos no liquidificador ou peneirados. Os alimentos devem ter consistência bem macia para que o bebê, mesmo sem dente, treine a sua mastigação. As carnes devem ser bem cozidas e oferecidas em pedaços pequenos ou desfiados. Já os alimentos crus, como as frutas, podem ser raspados, amassados ou ainda oferecidos em pedaços, desde que sejam feitos os cortes seguros.
É importante que os pais estudem para essa fase, saibam identificar GAGs (reflexos que acontecem todos os bebês) e diferenciá-los de engasgo. Além disso, saber a manobra de desengasgo é fundamental.
ALIMENTOS PROIBIDOS?
Por outro lado, há também aqueles que devem ser evitados: bebês não devem comer açúcar até os dois anos de idade. Achocolatados, refrigerantes, sucos artificiais, farinhas de cereais instantâneas, balas, biscoitos recheados, iogurtes com sabores, leite fermentado, são alimentos com alto teor de açúcar.
O uso de adoçantes também não é recomendado. Segundo a nutricionista, o ingrediente possui substâncias químicas que não são adequadas para a fase da vida.
Óleo vegetal, azeite de oliva e sal não são proibidos, mas sempre em quantidades mínimas.
“O doce pode influenciar o paladar da criança e desenvolver recusa por alimentos naturais, como legumes e verduras. É importante que os pais organizem com cuidado o período, pois uma introdução alimentar bem realizada contribui para o crescimento e desenvolvimento adequado da criança”, alerta.
A construção de hábitos saudáveis ajudam na prevenção de uma série de problemas, como:
- Seletividade alimentar;
- Baixo peso;
- Obesidade;
- Obesidade infantil;
- Doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes mellitus tipo 2 e hipercolesterolemia.
Nada de processados: receitas saudáveis para a introdução alimentar dos bebês
O BEBÊ PODE BRINCAR COM A COMIDA?
Crianças são extremamentes curiosas. Para conhecer novos objetos e coisas, costumam colocar as mãozinhas para trabalhar. Só que o hábito se repete também com as comidas… Por isso, algumas costumam se sujar na hora de alimentação.
Com isso, a dúvida surge entre papais e mamães: o bebê pode brincar com a comida durante a introdução alimentar? Sim! Segundo a especialista, os novos alimentos despertam a curiosidade de criança. Assim, a hora da refeição também é um momento de estímulo e desenvolvimento da criança.
“Deixe a criança usar as mãos, ajuda a estimular o tato, conhecer novas texturas. Também deixe pegar o talher, mesmo que de forma incorreta, isso estimula a criança a comer sozinha, aproveite o momento para testar as habilidades do bebê”, explica Carolina.
NÃO GOSTOU! E AGORA?
Outro ponto de dificuldade para os responsáveis é se adequar às preferências dos filhos. Afinal, é normal não gostar de um determinado alimento. No entanto, vale a insistência inicial para checar se o filho se acostuma. Para a nutricionista, duas palavras são essenciais: cuidado e paciência.
“Se a criança recusar, espere alguns dias e volte a oferecê-lo junto com algum outro que já gosta. Se a recusa continuar, experimente mudar a forma de preparo. Nessa fase, é importante ter paciência e persistir”. Carolina destaca que a relação da criança com a comida leva tempo para ser construída.
No caso das crianças mais velhas, é possível conversar para procurar entendê-las: “Falar sobre o alimento que está no prato, variar a forma de preparo, envolver a criança no preparo da comida são boas maneiras. Comer junto, com satisfação, elogiando a comida, incentiva a criança a comer e a gostar”.
Ela também alerta que não é recomendado fazer ameaças, pressionar a criança, chantagens ou punições por não comer. Além disso é importante evitar quantidades excessivas e distrações no momento da refeição, como TV, celular e tablet.
CUIDADO!
Durante a introdução alimentar, os pais devem ficar atento em possíveis sinais de alergias ou outras restrições alimentares. A nutricionista alerta para os pais: procure atendimento médico caso o bebê apresenta um ou mais dos sintomas abaixo:
- Dor abdominal;
- Diarreia;
- Vômito;
- Erupções cutâneas;
- Dificuldade para respirar;
- Inchaço de lábios e olhos.
Os sintomas de alergia ou alguma intolerância alimentar podem aparecer em algumas horas ou até 1 dia da alimentação.
Bebês felizes: presença, soninho regulado, amamentação e boa alimentação