Que criança nunca escutou na escola que temos que preservar a Amazônia? Mas falar sobre a maior floresta do mundo vai muito além da sala de aula. Ensinar crianças e adolescentes sobre esse bioma tão diverso (e essencial para o futuro do nosso planeta) é fundamental. E, tão importante quanto falarmos sobre isso, é mostrar sobre as aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas, economia e tudo que envolve esse local.
E para ultrapassar as paredes das escolas não é difícil. Afinal, a literatura e o cinema abordam vastamente o tema. Ao explorar as histórias contadas em livros voltados ao público infantil e juvenil, por exemplo, os pequenos leitores são convidados a olhar com curiosidade para a complexidade da floresta, dos povos que a habitam e dos impactos das atividades humanas sobre esse ecossistema. Há livros que tratam da fauna, da flora, dos povos e saberes tradicionais; outros possuem narrativas de personagens que enfrentam dilemas ecológicos e inspiram atitudes concretas, desde a proteção de rios até a valorização de línguas e tradições locais.
O cinema, por sua vez, pode ser encantador e informativo ao mesmo tempo, com filmes que retratam a vida e a beleza da floresta, as relações entre sua gente, a cultura etc, ajudando crianças e jovens a compreenderem os impactos ambientais, as mudanças climáticas, a importância da conservação. O filme “Tainá”, por exemplo, conta a história de uma indiazinha que vive na Amazônia com seu avô, que a ensina a amar e a proteger a floresta e seus habitantes. A trama se desenvolve quando a menina salva um macaco de traficantes de animais, o que a leva a se tornar uma guardiã da floresta.
Na coluna de hoje, vamos falar um pouco mais sobre livros e filmes que podem ajudar os pais nessa jornada para ensinar aos filhos sobre a importância de proteger nossas matas.
Película que faz pensar
Não é novidade que o cinema é um importante instrumento para a formação de uma sociedade mais ética e informada. Filmes, quando com histórias bem contadas e com roteiros realmente alinhados à verdade, são capazes de fazer as pessoas pensarem e distinguirem o certo do errado.
Um desses filmes que já promete levar as crianças a pensarem mais sobre o tema é o nacional “O Diário de Pilar na Amazônia”, baseado na série de livros “Diário de Pilar”, de Flávia Lins e Silva. O filme, um live-action que estreia nos cinemas em janeiro de 2026, acompanha Pilar, que viaja até a Amazônia com a ajuda de uma rede mágica herdada do avô, junto de Breno e Samba. Lá, ela conhece Maiara, uma jovem ribeirinha que teve sua comunidade destruída, e Bira, menino sagaz que vive a subir e descer os rios da região em busca de um pirarucu de 4 metros. Com a ajuda dos novos amigos e das criaturas encantadas da floresta, Pilar embarca em uma missão para reencontrar a família da amiga e ajudar a impedir o desmatamento.
Já o cineasta brasileiro Guigo Gerber voltou seu olhar para a Amazônia e trouxe um recorte muito significativo, e que pode ser entendido pelas crianças. Em apenas 2 minutos e 33 segundos, o curta-metragem “Roots of the End”, que foi nomeado a sete grandes festivais ao redor do mundo, (incluindo o Art Giraffe International Film Festival, na França, e Yeosu International Web Drama Film Festival, na Coreia do Sul), aborda de forma direta e contundente os impactos devastadores do desmatamento, da mineração ilegal e da caça na maior floresta tropical do mundo. Criado com o uso de inteligência artificial, o filme transforma essa realidade em imagens que, apesar de belas, são impossíveis de ignorar, especialmente porque tornam visível uma destruição que muitas vezes permanece invisível ao grande público. O filme, de fácil entendimento, utiliza a tecnologia para dar forma visual à destruição silenciosa da floresta, das vidas e das culturas ameaçadas. “É um retrato brutal, mas necessário até para os pequenos. São imagens que ultrapassam o mero registro documental” afirma Gerber, destacando o papel do cinema contemporâneo como ferramenta de conscientização e transformação, principalmente para as novas gerações. “A proposta não é ser apenas uma denúncia visual, mas também fazer uma pergunta fundamental: o que faremos com essa informação?”, pergunta Guigo, que complementa: “O impacto é global, mas o chamado é local: preservar a Amazônia é urgente, e inadiável”.
A seguir, outros títulos que vão ensinar mais sobre o assunto às crianças e adolescentes.
“Ainbo: a guerreira da Amazônia” – Ainbo nasceu e foi criada na aldeia de Candámo, na floresta Amazônica. Um dia, ela descobre que sua tribo está sendo ameaçada por outros seres humanos. A garota enfrenta a missão de reverter essa destruição e extinguir a maldade dos Yakuruna, a escuridão que habita o coração de pessoas gananciosas.
“Sob a Pata do Boi” – A Amazônia tem hoje 85 milhões de cabeças de gado, três para cada habitante humano. Na década de 1970, quase não havia bois e a floresta estava intacta. Desde então, uma porção equivalente ao tamanho da França desapareceu, da qual 66 por cento virou pastagem. A mudança foi incentivada pelo governo, que motivou a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, forjando poderosos políticos para defendê-la.
“O Caminho da Anaconda” – Nas profundidades da floresta amazônica, um escritor e seu amigo antropólogo encontram tribos que resistem às mudanças da modernidade há séculos.
“Raoni” – O dia a dia, a cultura, os costumes e as situações vividas pelas tribos que habitam a região do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, por meio da figura de Raoni, um cacique que busca ajuda do governo e de autoridades locais para frear o expansionismo branco em suas terras.
“Nheengatu” – Ao longo de uma viagem no alto Rio Negro, na Amazônia profunda, o diretor busca uma língua imposta aos índios pelos antigos colonizadores. Através desta língua misturada, o Nheengatu, e dividindo a filmagem com a população local, o filme se constrói no encontro de dois mundos.
“Amazônia Sociedade Anônima” – Diante do fracasso do governo brasileiro em proteger a Amazônia, indígenas e ribeirinhos, em uma união inédita liderada pelo Cacique Juarez Saw Munduruku, enfrentam máfias de roubo de terras e desmatamento ilegal.
“Ex-Pajé” – Um pajé passa a questionar sua fé depois de seu primeiro contato com os brancos, que alegam que sua religião é demoníaca. A missão evangelizadora comandada por um pastor intolerante é questionada quando a morte passa a rondar a aldeia e a sensibilidade do índio em relação aos espíritos da floresta se mostra indispensável.
“Rio 2” – Blu vive feliz no Rio de Janeiro ao lado da companheira Jade e seus três filhotes, Carla, Bia e Tiago. Seus donos, Linda e Túlio, estão agora na floresta amazônica, fazendo novas pesquisas. Por acaso eles encontram a pena de uma ararinha azul, o que pode significar que Blu e sua família não sejam os últimos da espécie. Após vê-los em uma reportagem na TV, Jade insiste para que eles partam para a Amazônia. Blu inicialmente reluta, mas acaba aceitando a ideia. Assim, toda a família parte em uma viagem pelo interior do Brasil rumo à floresta amazônica sem imaginar que, logo ao chegar, encontrarão um velho inimigo: Nigel.
Leitura ajuda a despertar para o tema
Se o cinema é uma forma “mais rápida” de levantar e ensinar sobre o tema, é com a literatura que se aprofunda o assunto.
A seguir, alguns títulos que vão aguçar o interesse das crianças pela natureza, não necessariamente “apenas” pela Amazonia.
“Diário de Pilar na Amazônia”, Flávia Lins e Silva – Criado pela escritora e roteirista Flávia Lins e Silva, o sucesso mundial apresenta Pilar, uma menina destemida que viaja pelo mundo com sua rede mágica. Em sua nova aventura, ela explora a Amazônia ao lado do inseparável gato Samba e do amigo Breno. Juntos, eles conhecem a rica fauna e flora brasileira, encontram personagens marcantes do folclore nacional e convidam os leitores a refletirem sobre as consequências do desmatamento e a importância de preservar o planeta.
“A Iara e a poluição das águas”, Samuel Murgel Branco – No livro, a personagem folclórica, Iara, protetora das águas, se preocupa com o estado do rio em que vive, cada vez mais sujo e poluído. Ao lado do Curupira, o guardião das florestas, ela busca entender as causas e o impacto da contaminação das águas. O livro convida as crianças a refletirem sobre o efeito das próprias atitudes e a importância de se atentar às práticas de preservação.
“Cuidado, Dona Mata!”, Regina Siguemoto – A estrela do livro é Dona Mata, que, feliz com a chegada do Homem ao seu habitat, permite ingenuamente que ele derrube árvores, escave suas entranhas em busca de ouro e cause o sumiço de animais. Só quando quase perde a vida e é salva pelos bichos sobreviventes, percebe os danos causados. A história mostra as consequências da exploração desenfreada da natureza e propõe formas de agir contra esse problema.
“Azul e lindo: Planeta Terra, nossa casa”, Ruth Rocha – Para que a Terra não se torne inabitável diante da exploração excessiva, o livro apresenta, com linguagem acessível e belas ilustrações, um guia sobre como preservar o planeta e garantir que ele continue azul e lindo.
“O menino da Terra”, Ziraldo – E se cuidássemos melhor do planeta? E se repensássemos nossos hábitos? Nesta obra, Ziraldo imagina um mundo em que a Terra é tratada com carinho e respeito. A história convida o leitor a refletir sobre os impactos da poluição e mostra como uma mudança de atitude pode transformar o futuro do nosso planeta.
“Amazonas: Águas, Pássaros, Seres e Milagres”, Thiago de Mello – Um dos maiores expoentes de nossa literatura, o escritor amazonense Thiago de Mello, oferece-nos um presente; uma deliciosa viagem pela paisagem e pelo imaginário dessa porção mágica de nosso território, o pedaço mais verde do planeta. Ele nos apresenta as águas, a mata, a história e a cultura do povo amazonense. Fala sobre o poder de cura das várias ervas da floresta. Mas nos permite conhecer, principalmente, o homem que habita esta região e que vive a sua relação com a floresta de forma equilibrada e amorosa.
“Tapajós”, Fernando Vilela – Cauã e Inauê vivem às margens do Jari, um pequeno canal que liga o rio Amazonas ao rio Tapajós, no estado do Pará. Os irmãos vivem em uma casa simples, de palafitas, com os pais e Titi, o jabuti de estimação da família. Mas o personagem principal do livro é, na verdade, o próprio cenário da pequena vila, que é de encher os olhos.
“Contos e lendas da Amazônia”, Reginaldo Prandi – A Amazônia é tão rica em variedade de espécies quanto em histórias nascidas nas mais diferentes culturas. Nesta antologia, o sociólogo Reginaldo Prandi reuniu 25 narrativas para nos mostrar um pouco desse universo infinito da mitologia amazônica.
“Puratig: o remo sagrado”, Yaguarê Yamã – O mito do guaraná, um dos mais típicos frutos brasileiros, é aqui contado pela voz de um índio do povo Saterê Mawé, conhecido como “povo do guaraná”, ao qual se juntam mais sete belíssimas histórias que compõem a tradição ancestral dos índios que ocupam atualmente uma faixa demarcada pela Funai, situada nos Estados do Amazonas e do Pará. Ilustrado por Queila da Glória, pelo próprio autor, especialista em pintura corporal, e pelas crianças Mawé.
“Manual das crianças do Baixo Amazonas”, Marie Ange Bordas – Você sabe como se quebra uma castanha-do-Pará? Qual a melhor madeira para fazer um barquinho que flutua de verdade? E a diferença entre o boto e o tucuxi, qual é? Estes e outros saberes e fazeres das crianças quilombolas que vivem nas margens do Rio Amazonas e do Rio Trombetas no noroeste do Pará estão reunidos neste Manual que foi tecido com muito carinho e muitas mãos. Conheça aqui um pedaço deste livro que fala também da história das comunidades, da vida na várzea, dos segredos dos peixes e dos bichos da floresta e também reúne um tanto de causos e lendas da região.
“Jack Brodóski no coração da Amazônia”, Flavio de Souza – Primeiro volume das aventuras de Jack Brodóski, a estrela desta coleção que tem a geografia como tema. Auxiliado pelo professor Almendra, seu guia intelectual, Jack vai à Amazônia resolver um mistério digno dos melhores detetives. E, na companhia dele, os leitores conhecerão de perto uma das regiões geográficas mais ricas da Terra.
“Cantos da floresta: iniciação ao universo musical indígena”, Magda Pucci e Berenice de Almeida – O primeiro livro sobre músicas indígenas dirigido a professores, educadores musicais e interessados no universo indígena brasileiro. Trata-se de conteúdo transmídia, que engloba o livro impresso acompanhado de CD com 27 áudios originais, e um site com atividades de contextualização, jogos, brincadeiras, escuta sensibilizadora, dinâmicas didáticas envolvendo as músicas dos povos indígenas a partir de seu complexo sistema cultural, que inclui aspectos materiais e imateriais da cultura tradicional.
“Cobra-grande: coleção de histórias do Rio Moju”, Nelson Cruz – O livro traz um glossário no final e faz parte da coleção Histórias do Rio Moju – Reconto de Narrativas Amazônicas. Esta coleção é composta por histórias inspiradas na mitologia da região amazônica – lendas sobre seres fantásticos e misteriosos que até hoje povoam a imaginação dos seus habitantes.
“A criação do mundo e outras lendas”, Vera do Val – Vera do Val mora atualmente em Manaus, onde pesquisou e recolheu lendas e mitos dos povos amazônicos, a partir dos quais escreveu o belo ‘O imaginário da floresta’. Dessa obra foram selecionados os contos que falam das origens – da noite, das estrelas, da lua, dos rios, do mundo –, que compõem este A criação do mundo. As ilustrações de Geraldo Valério, feitas com colagens de cores e formas magníficas e inusitadas, completam lindamente este livro, que é uma deslumbrante homenagem à cultura dos nossos indígenas.
“O sauim isso e aquilo”, Maurício Noronha, Dayse Campista e Marcus Pimenta – O sauim-de-coleira, pequeno primata amazônico criticamente ameaçado de extinção, é o protagonista desse livro infantil. O primata ocorre apenas numa pequena região do Amazonas, que inclui a capital, Manaus, onde está pressionado pelo desmatamento e avanço urbano. A história do livro trata justamente da necessidade de conservação do sauim e tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre o tema, além de capacitar educadores para levar o sauim para sala de aula.
Aprender brincando
Na hora de abordar o tema, uma das formas de encantar e ensinar ao mesmo tempo é tornando o aprendizado divertido. E com os menores, há brinquedos que cumprem bem essa função.
O jogo da memória é um verdadeiro clássico entre as brincadeiras para crianças. Além de divertida, a atividade pode ser uma ótima oportunidade desenvolver habilidades de concentração, autonomia e confiança. E a nova edição do jogo Floresta Amazônica, da Araquarela, chega com 28 peças, com 8 cm de diâmetro, que facilitam o manuseio para as mãos pequenas, tornando a experiência com o jogo ainda mais agradável. Já no jogo da memória Animais da Amazônia, da Fabrika dos Sonhos, cada peça é feita com cuidado artesanal e projetada para despertar a curiosidade das crianças sobre os animais da floresta amazônica. A brincadeira promove tanto o desenvolvimento de habilidades cognitivas quanto o amor pela natureza.
No Quebra-cabeça Floresta Amazônica 1500 peças, da Game Office, os jogadores vão conhecer a fauna e a flora da Amazônia, montando um ecossistema deslumbrante. Outro jogo que promete chamar a atenção dos pequenos é o Salve-se Quem Puder Amazônia, que estimula a atenção, o pensamento lógico, a percepção visual e também a consciência ecológica da criança. Neste, o objetivo é fazer com que o bicho preguiça escape do incêndio pela lateral direita do tabuleiro.