O suicídio ainda é uma realidade alarmante: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são aproximadamente 700 mil mortes por ano no mundo. Embora frequentemente abordado, continua sendo um grave problema de saúde pública. O psicanalista Jarbas Caroni, especialista em Programação Neurolinguística (PNL) e Neurociência do Comportamento, alerta para a importância de reconhecer pedidos de ajuda antes que seja tarde.
Sinais silenciosos podem indicar risco de suicídio
“Muitas vezes, o pedido de ajuda não vem por palavras diretas, mas através de mudanças sutis no comportamento, na linguagem corporal e até nas redes sociais. A neurociência mostra que o cérebro em sofrimento emite sinais muito antes da pessoa conseguir expressar sua dor”, explica Caroni.
Por isso, familiares e amigos devem observar alterações comportamentais que possam indicar perigo. “Do ponto de vista da PNL, percebemos mudanças no padrão de linguagem, como o uso excessivo de palavras ligadas à morte ou despedida. Frases como ‘vocês ficarão melhor sem mim’ ou ‘logo isso tudo vai acabar’ são verdadeiros alertas”, complementa o especialista.
Mudanças comportamentais mais comuns
Entre os sinais de alerta, estão o isolamento social repentino, doação de objetos pessoais importantes, alterações drásticas no sono e apetite, perda de interesse em atividades antes prazerosas e comportamentos impulsivos ou de risco.
“Muitas pessoas acreditam que quem fala sobre suicídio não vai fazer, mas na realidade a maioria das tentativas é precedida por sinais claros de intenção”, ressalta Caroni.
Redes sociais como termômetro emocional
O ambiente digital também revela muito sobre o estado emocional. “Mudanças bruscas nos conteúdos compartilhados, posts com despedidas veladas, expressões de desesperança ou até a ausência repentina de atividade online podem indicar que alguém precisa de ajuda. Não podemos ignorar esses sinais”, explica o psicanalista.
Neurociência e comportamento suicida
Estudos de neuroimagem demonstram que pessoas em risco apresentam alterações no córtex pré-frontal, região ligada ao controle de impulsos e tomada de decisões. “Isso ajuda a entender por que muitas vezes a pessoa não consegue visualizar alternativas à sua dor”, afirma Caroni.
Como oferecer apoio sem julgar
A orientação principal é ouvir sem julgar. Perguntas diretas, como “você está pensando em se machucar?”, não aumentam o risco, e podem salvar vidas. “A pessoa precisa sentir que pode falar abertamente sobre sua dor. Escutar ativamente, validar sentimentos, não minimizar a dor e encorajar a busca por ajuda profissional são passos essenciais”, orienta o especialista.
Cada indivíduo identificado precocemente e encaminhado para tratamento adequado representa uma vida salva. Segundo Caroni, “a combinação de psicoterapia, quando necessário medicação, e técnicas como a PNL apresenta resultados muito positivos. O cérebro é capaz de se reorganizar e criar padrões de pensamento mais saudáveis”.
Falar sobre suicídio salva vidas
Desmistificar o tema é fundamental. “Falar sobre suicídio de forma responsável não aumenta o risco, pelo contrário, quebra o silêncio que impede as pessoas de buscar ajuda. O Setembro Amarelo é essencial para essa conscientização”, reforça Caroni.
Para buscar apoio, existem serviços disponíveis: Centro de Valorização da Vida (CVV, telefone 188, 24h gratuito), SAMU (192), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e serviços de emergência (190/193). “Procurar ajuda profissional é um ato de coragem, não de fraqueza”, conclui o psicanalista.
Resumo: Reconhecer sinais de alerta e mudanças comportamentais pode salvar vidas. Pedidos de ajuda sutis aparecem no comportamento, nas redes sociais e na linguagem. Falar abertamente e oferecer apoio profissional é essencial, especialmente durante o Setembro Amarelo.
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