Muitos pais se perguntam: “Será que matricular meu filho na escola vai ajudar ou atrapalhar se ele ainda não fala?”. De acordo com especialistas, quando há cuidado com os sinais e estímulos adequados, a escola pode ser uma grande aliada no avanço da comunicação.
A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, especialista em atraso de fala infantil, explica que a convivência com outras crianças favorece a socialização e estimula a linguagem. Segundo ela, “muitas vezes é na escola que os primeiros sinais de atraso ficam claros. Os professores percebem quando a criança não interage verbalmente, usa poucas palavras ou não compreende instruções simples — e isso é um passo importante para encaminhar a avaliação e iniciar intervenções”.
Sinais de atraso de fala infantil que merecem atenção
De acordo com Angelika, alguns comportamentos são sinais de alerta. Entre eles estão:
- Ausência de frases simples até os 3 anos;
- Vocabulário muito restrito;
- Dificuldade em manter conversas;
- Pouca compreensão de ordens;
- Frustração frequente ao tentar se comunicar.
A neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi reforça que esses sinais precisam ser observados com cuidado. Ela explica que o atraso de fala não significa, necessariamente, dificuldade de aprendizado. “Muitas crianças têm ótimo desempenho cognitivo, mas precisam de apoio para se expressar. Quando a escola oferece mediação adequada, o ambiente se torna estimulante e favorece o progresso da linguagem”, afirma.
Como a escola pode apoiar no desenvolvimento da fala
Um ponto fundamental é a postura da escola. Segundo Silvia, um ambiente acolhedor e preparado faz toda a diferença. “A escuta qualificada evita rótulos e garante que a criança seja incluída, respeitada e incentivada a participar das atividades”, ressalta.
Angelika destaca que o papel do professor não é diagnosticar, mas observar e estimular. “Cada criança tem seu ritmo, mas existem marcos esperados. Se eles não são atingidos, o caminho mais seguro é orientar a família a buscar avaliação com um fonoaudiólogo”, orienta.
Assim, a escola funciona como uma ponte: observa comportamentos, estimula a comunicação e direciona a família quando necessário.
Estratégias de estímulo no atraso de fala infantil
Para potencializar resultados, é essencial a colaboração entre família, escola e profissionais de saúde. Recursos como figuras visuais, rotinas estruturadas, jogos de linguagem e momentos de escuta ativa podem transformar a comunicação no dia a dia.
Silvia lembra que a falta de compreensão sobre o atraso pode levar a interpretações equivocadas, como associar a dificuldade de fala à indisciplina. Porém, com orientação correta, a criança encontra espaço para se expressar e se sentir incluída.
“A escola, quando preparada, é um espaço riquíssimo de estímulo. Com atenção e parceria, ela pode acelerar o desenvolvimento da fala e transformar o aprendizado em uma experiência positiva e inclusiva”, finaliza Angelika.
Resumo: Colocar uma criança com atraso de fala infantil na escola pode ser positivo, desde que haja acolhimento e estratégias adequadas. O olhar atento de professores, aliado ao acompanhamento familiar e profissional, cria um ambiente estimulante e favorece o desenvolvimento da linguagem.
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