Marcelo Médici é um dos grandes nomes do humor e da dramaturgia brasileira. Ao longo de 35 anos de carreira, conquistou plateias com personagens memoráveis, transitando entre a comédia e o drama com a mesma intensidade. Depois do estrondoso sucesso de Cada Um Com Seus Pobrema — espetáculo que marcou época, lotou teatros e ultrapassou a marca de um milhão de espectadores — o ator retorna agora com Dona Lola, seu segundo solo, dirigido por Ricardo Rathsam.
A peça, em cartaz no Teatro FAAP a partir de 14 de agosto, traz como protagonista uma senhora que, sem nunca ter sonhado em ser atriz, se vê transformada em fenômeno das redes sociais. Incentivada pelas amigas, decide se apresentar no teatro, mas acaba expondo, com muito humor e sinceridade, as histórias de sua vida e de quem a rodeia.
Mais do que uma comédia, Dona Lola é uma celebração da amizade, da família, do perdão e da maturidade. Um espetáculo que mistura afeto, crítica social e, claro, o humor afiado que é marca registrada de Médici.
O ator falou com exclusividade à Revista AnaMaria sobre a criação de Dona Lola, as homenagens pessoais presentes na peça e a importância da comédia nos dias de hoje:
Marcelo, você já nos presenteou com personagens icônicos no humor e no drama. Como nasceu a ideia de criar “Dona Lola” e o que te motivou a trazê-la ao palco nesse formato solo?
A personagem, uma senhora que acaba viralizando sem querer nas redes sociais e decide fazer teatro, apareceu em outro espetáculo, “Teatro Para Quem Não Gosta”, mas era apenas uma cena curta. De acordo com o retorno do público, de amigos e do Ricardo Rathsam, que atuava comigo e hoje dirige “Dona Lola”, ela tinha potencial para ganhar um solo. Eu e Ricardo ampliamos o texto e criamos o espetáculo.
A “Dona Lola” mistura humor, afeto e crítica social. Como foi o processo de construção dessa personagem e o que o público pode esperar dessa nova temporada no Teatro FAAP?
O nome da personagem é uma homenagem à minha avó. Ela só foi batizada durante os ensaios e, a partir daí, várias lembranças vieram à tona — como o fato dela adorar fazer crochê. As amigas citadas na peça também foram batizadas com os nomes das irmãs dela, minhas tias-avós, com quem convivi muito e guardo ótimas lembranças, principalmente do senso de humor de todas.
Depois de uma carreira tão versátil, o que ainda te surpreende ou desafia no palco? E como você enxerga o papel da comédia no momento atual do Brasil?
Qualquer novo espetáculo, novela, filme ou personagem é um desafio. Mas o teatro tem a generosidade de permitir o aperfeiçoamento dia a dia. Acho que o humor vive um momento bom, com vários estilos que atingem públicos diferentes em diferentes meios: teatro, internet, TV aberta, TV a cabo, rádio, cinema. O meu espaço de liberdade criativa sempre foi e sempre será o teatro.