Não sou da turma que maratona uma série inteira em apenas um fim de semana. Normalmente, assisto a alguns episódios e dou espaço para amadurecer o que vi em tela, absorver a obra, digerir as emoções. Desta vez, fui rapidamente abduzida. Sim, assisti aos oito episódios de Raul Seixas: Eu Sou, disponíveis no Globoplay, em um único fim de semana. Me julguem (ou assistam para entender o motivo).
Impossível começar essa crítica sem dizer que fiquei profundamente impactada com a série – em especial com a entrega de Ravel Andrade, que empresta seu talento para dar vida a Raul. O trabalho vocal do ator, que também é músico, emociona e captura a atenção do espectador desde os primeiros minutos.
Ouso dizer que quem assistir de olhos fechados pode confundir a voz de Ravel com a célebre voz de Raul Seixas. Mesmo atenta e entregue, eu mesma fiquei em dúvida em vários momentos e pensei: “Espera aí, agora ele está dublando?”
Cenas que parecem saídas de um sonho – e funcionam como elo entre o universo onírico e a realidade – ajudam a traduzir a complexidade da mente de Raul e nos fazem entender um décimo da genialidade desse artista que se recusava a viver pela metade. A direção de arte, a montagem e o roteiro trabalham em perfeita sintonia, como ponteiros de um relógio suíço: tudo está no lugar certo, na hora certa.
Sim, a série fala da trajetória musical de Raul, o artista que se consagrou como o pai do rock brasileiro. Mas vai além. O roteiro costura sua discografia com detalhes íntimos: os quatro casamentos, os momentos de criação, as rupturas, a relação com o álcool e com o amigo e parceiro Paulo Coelho.
Ponto negativo
Aliás, é justamente na caracterização de Paulo Coelho que a série comete um tropeço. Toda vez que o personagem aparecia em cena, a imersão na história sofria um abalo. A caracterização deixou a desejar, um problema recorrente em produções nacionais. Felizmente, a interpretação firme de João Pedro Zappa consegue contornar a falha e dar profundidade ao personagem.
Raul Seixas: Eu Sou é mais do que uma cinebiografia. É um mergulho emocional, lisérgico e sensível na alma de um gênio inquieto.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (25 de julho). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
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