Um vídeo publicado pelo influenciador Felca, que ultrapassou 38 milhões de visualizações, trouxe à tona um problema grave: a monetização de conteúdos envolvendo abuso e exploração sexual infantil na internet. Desde a publicação, em 6 de agosto, a SaferNet registrou um crescimento de 114% nas denúncias.
Segundo levantamento realizado pela ONG, entre os dias 6 e 12 de agosto deste ano, foram feitas 1.651 denúncias únicas — número muito superior às 770 registradas no mesmo período de 2024. “Há anos, o tema do abuso sexual infantil online não gerava um debate tão grande na sociedade brasileira, e a repercussão do vídeo, obviamente, estimulou as pessoas a denunciar”, afirmou Thiago Tavares, presidente da SaferNet.
Por que a repercussão foi tão significativa
Felca, em seu vídeo Adultização, apresentou elementos que a SaferNet já vinha denunciando desde o ano passado. Entre eles, o uso de plataformas como o Telegram para distribuir e vender material resultante de crimes contra crianças e adolescentes. Outra estratégia revelada foi o emprego de siglas, acrônimos e emojis para burlar a detecção e atrair novas vítimas — como a sigla “cp” (child porn), mostrada em grupos de venda e troca de conteúdos ilegais.
Além disso, o influenciador deu visibilidade ao fato de que a chamada “pornografia infantil” não deve ser tratada como mero conteúdo adulto. Como alerta a SaferNet, a expressão minimiza a gravidade dos crimes, que envolvem estupro, abuso e exploração sexual, perpetuando a dor das vítimas.
Dados que revelam a gravidade do problema
Para entender a dimensão, a SaferNet comparou dados do primeiro semestre de 2025, quando foram registradas 28.344 denúncias, com os do mesmo período de 2024, que somaram 23.799. O aumento foi de 19% — considerado dentro da normalidade após uma queda de 26% no ano anterior. No entanto, a explosão recente de casos reportados em agosto demonstra o poder da mobilização pública quando o assunto ganha visibilidade.
A ONG recebe denúncias únicas — ou seja, registros anônimos que, após triagem para eliminar links repetidos, são encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF). A análise do mérito cabe aos técnicos e analistas do MPF, que verificam se há indícios de crime para iniciar investigações.
Como denunciar casos de abuso e exploração sexual infantil
Para quem deseja agir, a SaferNet disponibiliza o Canal Nacional de Denúncias (www.denuncie.org.br), conveniado ao MPF. A plataforma permite denunciar de forma anônima e segura. A ONG também mantém o Canal de Ajuda (www.ajuda.org.br), que acolhe vítimas de violência e outros problemas online, oferecendo suporte e orientação.
Segundo Tavares, é fundamental que a população entenda seu papel no combate a esses crimes “Cada denúncia pode representar a interrupção de um ciclo de abuso e a proteção de uma criança ou adolescente”, finaliza.
Resumo: O vídeo do influenciador Felca, com mais de 38 milhões de visualizações, provocou um aumento de 114% nas denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet feitas à SaferNet. A ONG reforça que denúncias anônimas ajudam a interromper ciclos de violência e convida a população a agir para proteger crianças e adolescentes.
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