Levantar da cama, calçar um sapato, brincar com os filhos, trabalhar. Tarefas simples ficam complicadas para quem tem fibromialgia.
Dor crônica, fadiga, sono ruim, dificuldade de concentração e alterações de humor são alguns dos sintomas. Essa é uma condição ainda pouco compreendida e muitas vezes invisível aos olhos dos outros.
A fibromialgia afeta cerca de 3% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, e atinge de sete a nove mulheres para cada dez pacientes diagnosticados. Mas também pode surgir em homens, idosos, adolescentes e até crianças. O diagnóstico é clínico, já que não há exames laboratoriais específicos, o que exige um olhar atento e empático dos profissionais de saúde.

Impacto real
Apesar de não provocar inflamações ou deformidades físicas, a fibromialgia interfere diretamente na qualidade de vida. Não é uma forma de artrite, nem algo “da cabeça” – embora ainda exista muito preconceito em torno disso. A dor é real, contínua e, muitas vezes, limitante. O diagnóstico, quando finalmente chega, pode trazer alívio, mas também exige adaptações.
Mais de 25 médicos até receber o diagnóstico
A atriz e psicóloga Franciely Freduzeski sabe bem o que é isso. Diagnosticada em 2022, ela passou por mais de 25 médicos até receber a confirmação da doença. Nesse meio tempo, precisou se afastar do trabalho, das atividades físicas e da vida social. “Corria na areia, era rata de academia, depois não conseguia passear com meus cachorros. Me sentia muito culpada, inútil, um peso na vida das pessoas”, compartilha.

Com o tempo, ela aprendeu a identificar seus gatilhos e passou a ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar. Hoje, sua rotina inclui fisioterapia adaptada, alimentação equilibrada, acompanhamento psicológico e cuidados diários com o corpo e a mente. “Tenho uma rotina física cuidadosamente adaptada às minhas necessidades. É essencial para mim saber que não posso simplesmente fazer qualquer tipo de exercício. Meu principal gatilho é permanecer muito tempo deitada”, conta.
Franciely também evita ambientes com muito barulho ou luz, e aprendeu a agir rápido diante do surgimento das dores. “Quando percebo o início de qualquer dor, já recorro a relaxantes musculares para evitar o agravamento e controlar as crises o quanto antes”, diz
Por seu trabalho de conscientização, recebeu a Medalha Chiquinha Gonzaga, a maior honraria concedida a mulheres no Rio de Janeiro. Sua história ajuda a dar visibilidade a uma condição que ainda é cercada de dúvidas e desinformação.
O que é e o que não é fibromialgia
– Não é psicológico: apesar de fatores emocionais influenciarem os sintomas, a origem da doença é multifatorial e ainda pouco compreendida. Pode surgir após traumas físicos, emocionais ou infecções.
– Não é artrite: a fibromialgia não provoca inflamação nem danifica músculos ou articulações.
– Não tem cura, mas tem controle: com acompanhamento médico, terapias complementares e ajustes no estilo de vida, é possível viver com qualidade.
– Não se vê, mas se sente: a falta de sinais visíveis faz com que muitas pessoas não acreditem na dor do outro. Informação é o primeiro passo para combater esse preconceito.
O que é a fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo, provocando dores intensas e difusas pelo corpo, especialmente nas articulações e músculos.
Os sintomas incluem dor crônica, fadiga, distúrbios do sono, alterações de humor e dificuldades cognitivas. O diagnóstico é clínico e exige atenção especializada, já que não há exames laboratoriais específicos para detectar a doença. Embora não tenha cura, é possível conviver com a doença por meio de acompanhamento médico e cuidados multidisciplinares
Tratamento
O Sistema Único de Saúde oferece atendimento às pessoas com fibromialgia. Há acesso a acompanhamento clínico, práticas integrativas, fisioterapia e tratamentos medicamentosos. Nos centros especializados, o paciente pode contar com reumatologistas e equipes multidisciplinares que auxiliam no controle dos sintomas e na reabilitação física e emocional.
Cuidados que fazem diferença
– Exercício físico leve e supervisionado: pilates, caminhada e hidroterapia ajudam a aliviar a dor
– Sono de qualidade: ter uma rotina noturna regular e tranquila é fundamental
– Alimentação equilibrada: evitar ultraprocessados e priorizar alimentos naturais pode reduzir sintomas
– Terapia psicológica: auxilia no enfrentamento emocional e na redução da ansiedade
– Redução de estímulos: locais barulhentos ou com luz intensa podem piorar o quadro
– Medicamentos e terapias complementares: devem ser indicados individualmente por médicos
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1478, de 18 de julho de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.