A decisão da personagem Solange, da novela Vale Tudo, de ter um filho sem um parceiro amoroso escancarou na TV uma realidade cada vez mais comum fora da ficção: a produção independente. O que antes era visto como exceção, hoje é parte legítima da diversidade familiar brasileira — e encontra apoio na ciência.
“A personagem Solange representa milhares de pessoas que tomam a decisão consciente de ter um filho de forma independente. Isso mostra uma mudança profunda na sociedade, em que o desejo de ser mãe ou pai não depende mais de um relacionamento amoroso tradicional”, afirma médico Alfonso Massaguer, especialista em Reprodução Humana da Clínica Mãe.
Famílias modernas desafiam o modelo tradicional e ampliam o conceito de amor
A chamada família moderna não se encaixa mais em um único molde. “Essas novas configurações são sustentadas pelo desejo comum de criar e cuidar de um filho. Pode ser um casal gay, uma mulher solteira ou até mesmo três pessoas que compartilham o sonho da parentalidade. O importante é o vínculo, e não a forma como ele foi estabelecido”, explica Massaguer.
Além disso, ele ressalta que todas essas formações familiares merecem o mesmo respeito e proteção dados à família heteronormativa tradicional.
A medicina reprodutiva acolhe diferentes formatos familiares
Para que essas novas famílias possam realizar o sonho da gestação, a medicina reprodutiva oferece soluções personalizadas e acolhedoras. Graças ao avanço das técnicas, é possível atender com segurança e eficácia a diferentes desejos e composições.
De acordo com Massaguer, a principal ferramenta utilizada nesses casos é a Fertilização In Vitro (FIV), mas há outras opções, conforme a estrutura familiar e o sexo biológico da pessoa interessada.
“No caso das mulheres solteiras, é possível realizar a inseminação artificial com sêmen de um doador anônimo ou optar pela FIV. Já os homens solteiros precisam recorrer à doação de óvulos e ao útero de substituição”, explica o especialista.
Opções de reprodução assistida para casais homoafetivos
Casais homoafetivos também encontram alternativas seguras para engravidar. Segundo Massaguer, mulheres que estão juntas podem escolher entre dois métodos principais:
- Inseminação intrauterina (IIU): uma das parceiras passa por indução da ovulação e recebe sêmen de um doador via banco autorizado.
- Fertilização In Vitro (FIV): o óvulo de uma delas é fecundado com esperma doado, e a gestação pode ser conduzida por qualquer uma das duas.
Já para casais homoafetivos masculinos, a única possibilidade atualmente é a FIV. Nesse caso, são necessárias uma doadora de óvulos e uma mulher disposta a atuar como barriga solidária — que pode ser parente ou amiga próxima, desde que atenda às regras do Conselho Regional de Medicina.
Produção independente transforma o sonho em realidade
A escolha pela produção independente vem crescendo, principalmente entre mulheres que, por decisão pessoal ou pelas circunstâncias da vida, não esperam por um parceiro para iniciar a maternidade.
É um caminho que exige planejamento, mas é totalmente possível e cada vez mais acolhido tanto pela medicina quanto pela sociedade. “As técnicas atuais permitem que cada pessoa encontre a melhor solução para sua realidade”, aponta Massaguer.
Além disso, o especialista lembra que homens solteiros também podem se tornar pais por meio da FIV, com a ajuda de uma doadora de óvulos e uma barriga solidária.
Famílias contemporâneas refletem os novos tempos
A diversidade familiar é, na verdade, o reflexo de uma sociedade mais livre e inclusiva. Para Massaguer, reconhecer e respeitar esses arranjos é essencial para avançar na garantia de direitos e no acesso à saúde reprodutiva. “O amor não tem formato fixo e não reconhece fronteiras”, reforça o médico.
Mais do que nunca, a medicina está a serviço do afeto, ajudando a tornar realidade o sonho de formar uma família — seja ela como for.
Resumo: A produção independente vem ganhando cada vez mais espaço entre mulheres e homens que desejam ter filhos fora do modelo tradicional. Com o apoio da medicina reprodutiva, é possível realizar o sonho da parentalidade com segurança e acolhimento, respeitando os mais diversos arranjos familiares. O importante é que haja amor, compromisso e desejo genuíno de cuidar de uma criança.
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